O QUE DIZ A MÍDIA
26/08/2021 - Ministério da Saúde anuncia dose extra da vacina contra Covid
O ministro Marcelo Queiroga (Saúde) anunciou que o Brasil aplicará uma dose adicional da vacina contra Covid em pessoas acima de 70 anos e imunossuprimidas.
A nova fase começa em 15 de setembro com quem tem 80 anos ou mais, e é preciso esperar 180 dias após a segunda dose (ou dose de Janssen).
Para imunossuprimidos, esse intervalo é de 21 dias.
Horas após o anúncio, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prometeu antecipar a rodada para o dia 6 e incluir sexagenários. Além disso, afirmou que aplicará uma de três vacinas disponíveis —Pfizer, Astrazeneca ou Coronavac.
A decisão federal é usar nesse reforço exclusivamente o imunizante da Pfizer, importado (a Coronavac é feita no Instituto Butantan, ligado a Doria, e a Astrazeneca, na Fiocruz, fundação federal).
Diante da manifestação do tucano, o ministro respondeu que faltará vacina se um estado burlar sua diretriz.
Mortes pela doença no país têm caído, mas a internação de idosos sobe.
são paulo O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a terceira dose da vacina contra o coronavírus começará a ser aplicada em pessoas com mais de 70 anos e em imunossuprimidos a partir do dia 15 de setembro no Brasil.
Horas depois, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que iniciará a aplicação da terceira dose da vacina em pessoas acima de 60 anos a partir de 6 de setembro no estado.
De acordo com as declarações de Queiroga, todos os imunossuprimidos (pessoas transplantadas, por exemplo) que já tomaram a segunda dose da vacina há 21 dias poderão receber o reforço a partir da segunda quinzena de setembro.
No caso dos idosos, eles devem ter tomado a segunda dose há mais de seis meses. Os primeiros a receber as doses serão os maiores de 80 anos.
“Nos reunimos ontem com a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde] e com o comitê técnico que assessora a imunização e tomamos a decisão”, afirmou ele à coluna Mônica Bergamo.
A data foi escolhida porque, até lá, toda a população acima de 18 anos no Brasil já terá sido imunizada com ao menos uma dose.
Outra novidade: a partir do mesmo dia 15, começará a redução do intervalo entre as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca, de 12 para 8 semanas, como acontece no Reino Unido.
Queiroga diz que a decisão foi tomada diante da possibilidade de disseminação da variante delta do coronavírus no Brasil.
Estudos já mostram que a primeira dose das vacinas, no caso da delta, têm eficácia reduzida e não conseguem evitar boa parte das infecções. Já com duas doses a proteção é maior.
A decisão sobre aplicação de dose de reforço na totalidade da população só será tomada depois da conclusão de um estudo que o Ministério da Saúde está fazendo em parceria com a Universidade de Oxford e com o apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Ele deve ser finalizado em outubro.
Em São Paulo, a aplicação da segunda dose seguirá alguns critérios diferentes.
De acordo com Doria, 900 mil pessoas devem receber a terceira dose de imunização no estado. Ela será aplicada a todos com mais de 60 anos, independentemente do imunizante que tenham recebido nas aplicações anteriores.
“Todos devem receber a imunização adicional, o reforço não é para um imunizante específico. O que os dados mostram é que a variante delta é mais resistente e a proteção contra ela só é maior após a terceira dose para qualquer tipo de vacina”, disse João Gabbardo, coordenador do comitê científico de São Paulo.
De acordo com o governo estadual, a dose de reforço só poderá ser aplicada em quem tomou a segunda dose há mais de seis meses.
O cronograma de aplicação da terceira dose ainda não foi definido. O governo disse, contudo, que começará pelas pessoas com mais de 90 anos e que usará o imunizante que estiver disponível.
“A terceira dose será aplicada com a vacina que tivermos disponível. O escalonamento de aplicação obedecerá os mesmos critérios de antes, começando por aqueles acima de 90 anos e depois seguimos para as demais faixas etárias. O cronograma vai ser definido de acordo com a quantidade de vacinas disponíveis”, disse Gabbardo.
De acordo com alguns estudos, não há problemas em combinar vacinas nas diferentes aplicações.
O governo paulista não informou quando deve iniciar a aplicação da dose de reforço em outros grupos mais vulneráveis à doença, como os imunossuprimidos. Segundo o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, a pasta está estudando a inclusão dessas pessoas e deve anunciar o cronograma nos próximos dias.
Mais cedo, Doria havia afirmado que o comitê científico de seu governo decidiria nesta quinta sobre a aplicação de terceira dose no estado. O tema vinha sendo debatido entre especialistas que o auxiliam no combate à Covid. Mas o anúncio foi adiantado pouco tempo após comunicação do Ministério da Saúde.
“Não é uma decisão de agora, de última hora ou porque o ministro anunciou mais cedo. Há quatro semanas, São Paulo já estudava o reforço de dose”, afirmou o governador.
Ao anunciar a dose de reforço, o ministro da Saúde deixou a Coronavac de fora da aplicação. O governo federal disse que a terceira dose a ser aplicada deve ser preferencialmente da Pfizer, ou de modo alternativo, da Janssen ou Astrazeneca.
Para Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, fabricante da Coronavac, a exclusão da vacina não tem embasamento técnico e se trata de mais um ataque do governo federal contra o estadual. Por isso, segundo ele, a recomendação não será seguida em São Paulo.
“Esses ataques à Coronavac não são novidade. Convivemos com eles diariamente, ataques que vêm do governo federal, especialmente do presidente e agora do ministro. Não há fato científico que sustente a decisão do ministro Queiroga. É mais uma vez a preferência por atacar a Coronavac”, disse Covas.
Ele disse que um estudo indicou aumento de cinco vezes na produção de anticorpos em quem recebeu a terceira dose da Coronavac.
Os membros do governo paulista também voltaram a cobrar o Ministério da Saúde para o envio mais célere de novas doses das vacinas da Pfizer e Astrazeneca para que seja possível reduzir o intervalo entre as doses no estado.
Mais tarde, em entrevista coletiva, o ministro Marcelo Queiroga voltou a tratar do assunto e criticou o que chamou de “demagogia vacinal”. Ele disse disse que, caso estados não sigam as orientações do Programa Nacional de Imunizações para a campanha de vacinação contra a Covid, podem faltar doses.
Para ele, é preciso defender a soberania do programa. “Somos uma grande nação, temos 26 estados e Distrito Federal, mais de 5.570 municípios e secretários de muita qualificação técnica. Mas se cada um quiser criar um regime próprio, o Ministério da Saúde lamentavelmente não terá condições de entregar doses de vacinas”, disse.
“Se cada um quiser fazer seu próprio regime, não vai dar. Não adianta ficar noticiando na imprensa que ministério atrasou e faltou dose. Se for diferente, vai faltar dose mesmo, e não vale ir para a Justiça. O direito de ir para a Justiça é um direito universal, mas o juiz não vai assegurar dose que não existe.” Uma dose reforço dos imunizantes é defendida por especialistas para conter novas infecções e hospitalizações em pessoas mais vulneráveis, como os idosos ou imunossuprimidos, sem prejuízo para a a aplicação da segunda dose dos adultos com mais de 18 anos já vacinados com primeira dose no momento.
A necessidade de doses de reforço de vacinas contra o coronavírus vem sendo discutida em âmbito mundial.
Estudos mostram que a proteção das vacinas cai com o tempo, e pelo menos 14 países já decidiram aplicar a dose de reforço dos imunizantes.
“Nos reunimos ontem com a Opas [Organização PanAmericana de Saúde] e com o comitê técnico que assessora a imunização e tomamos a decisão Marcelo Queiroga ministro da Saúde
Fonte: Folha de S.Paulo