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17/09/2021 - Ministério da Saúde recomenda retirada de adolescentes do PNI, sem aval técnico

Ministério da Saúde anunciou emitiu ontem uma nota técnica, seguida por uma entrevista do ministro Marcelo Queiroga, recomendando que não haja mais vacinação em adolescentes sem comorbidades no país.

A nova abordagem, que contraria documentos anteriores da pasta, pegou de surpresa gestores sanitários, nãoteveoavalde técnicos do Programa Nacional de

Imunizações (PNI) e despertou críticas de especialistas e governadores.
Ontem à noite, em sua live, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o ministro para tratar do assunto.

Queiroga revelou que conversou com Bolsonaro antes de tomar a decisão: — Temos informações da literatura mundial que restringiram a vacinação nos adolescentes sem comorbidade e a nota técnica de número 40 retirou o adolescente. Osenhortemconversado comigo sobre esse tema e fizemos uma revisão detalhada no DataSus.

Durante a entrevista, Queiroga alegou “falta de evidências” para seguir a imunização de adolescentes no âmbito do programa.
No entanto, a segurança da aplicação em crianças e jovens entre 12 e 15 anos foi assegurada pela Anvisa, em junho. Na aprovação do imunizante da Pfizer para essafaixa, aagênciaseguiu a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Um dos problemas apontados foi a ocorrência, considerada rara por estudos, de miocardite — uma inflamação no músculo do coraOPINIÃO DO GLOBO AVACALHAÇÃO SIMPLESMENTE RIDÍCULA ajustificativa apresentada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para suspender a vacinação de adolescentes. Ele alegou agir por precaução, dizendo que 1.500 dos 3,5 milhões de adolescentes vacinados apresentaram efeitosadversos.
ORA, SEGUNDO ele mesmo, 93% dos problemas foram relatados por quem tomou vacinas não autorizadas pela Anvisa (apenas da Pfizer foi homologada para esse público). Obviamente, a resposta correta para o problemanão seria a suspensão, mas aplicar a vacinacerta.

ATÉ AGORA, o ministério se revela incapaz de fornecer as vacinas certas no tempo certo, além de estabelecer critérios nacionais para todos seguirem.
EM VEZ disso, deixou o Programa Nacionalde Imunizações ao deusdará das idiossincrasias locais. Num estado, a CoronaVac é usada como dose de reforço para idosos; noutro, não. Num os adolescentes recebem apenasa Pfizer; noutro também valem outras.

O comunicado vai contra a tendência mundial de imunização (mais de 30 países já vacinaram cerca de 10 milhões de jovens entre 12 e 17 anos, incluindo EUA, Alemanha, Israel e França).

Em um comunicado à tarde, a Anvisa reafirmou sua decisão edeclarou não haver evidências que sustentem mudanças nas recomendações. De acordo coma agência, os dados disponíveis sobre a morte de uma adolescente de 16 anos, do estado de São Paulo, após uso do imunizante, citada por Queirogana entrevista, não são suficientes para estabelecer relação de causalidade.

Secretários municipais e estaduais de saúde também divulgaram uma nota ontem, lamentando a decisão do Ministério da Saúde. No texto, os gestores afirmam que não foram consultados sobre o tema e argumentam MÁRCIA FOLETTO Nafila. País já tem cerca de 3,5 milhões de adolescentes vacinados desde a aprovação da Anvisa para a aplicação do imunizante Pfizer na faixa entre 12 e 15 anos; OMS recomendou a marca para a faixa que a medida vai colocarem risco a vacinação no país.

Pela nova orientação do governo, a ordem em que deveser feita a vacinação de adolescentes contempla apenas a população de 12 a 17 anos com deficiências permanentes; depois, pessoas nessas faixas etárias com comorbidades; e, por fim, privados de liberdade.

No total, foram 1545 eventos adversos foram registrados até agora, a maior parte deles, cerca de 93%, no entanto, sedeve à “errosde imunização”, ou seja, jovens que receberam outros imunizantes que não o da Pfizer, que é o único recomendado para a faixa etária. Os eventos adversos são possíveis reações à vacina, esperadas ou não.

Diante da mudança na recomendação, o Ministério da Saúde informou aos estados que “serão enviadas doses do fabricante Pfizer especificamente para esta população nas pautas de distribuição realizadas a partir de 15 de setembro de 2021”.

Conforme informou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, a decisão pela suspensão não passou pelos especialistas do Programa Nacional de Imunização e da Câmara Técnica do Ministérioda Saúde. Os conselhos de secretários também não foram consultados.

Embora a consulta a essas instâncias não seja obrigatória por lei, ela sempre é feita porque esse tipo de decisão tem um impacto abrangente não sóno esquema de vacinação mas no próprio planejamento da imunização em geral.

Logo após a mudança decretada, a prefeitura de São Paulo informou que manterá a vacinação de adolescentes sem comorbidades. A Secretaria Municipal de Saúde da cidade informou que já vacinou 84,4% dos adolescentes nessa faixa, um público estimado em 844 mil pessoas, e que, como restam 15% para atingir a totalidade da cobertura nesse grupo, não vai interromper a imunização.

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A SEGURANÇA DO IMUNIZANTE cista e diretor do Laboratório proteção, que por sua vez pode avaliar os dados dos vacinados — vacinas ser desfavorável — diz a Meu filho recebeu a primeira Genetika. aumentar orisco de surgimento afirma Raskin. infectologista. AOrganização Mundial da dose da vacina. Qualorisco? Ainfectologista Luana Araújo denovas cepas. Por isso, é im- Ogeneticista completa: Saúde é a favor oucontra? Além do aval de segurança e tranquiliza as famílias: portante pedir que os adoles- — No Brasil,ataxademortalida- . AOMSjáafirmou que a vacina é eficácia da Anvisa ocorrido em junho para essa faixa etária, a vacina foi testada em mais de 10 milhões de jovens em mais de 40 países, incluindo EUA, Israel eagora também na Inglaterra. E não há registros de problema gravenemmorte.

— Os casos de miocardite são leves, de fácilrecuperação. A chance de uma criança ou adolescenteter, justamente, uma miocardite pela Covid é 30 vezes maior do queter o problema provocado pela vacina — afirma Salmo Raskin, médico geneti — Quem já vacinou não precisa se preocupar com absolutamente nada. Os dados dão extrema de segurança.

Easegunda dose? Como fica? APfizer é administrada com intervalo de três meses no Brasil.

— Éimportante reforçar que se mantenham as outras prevenções, porque uma dose está longe de proteger — afirma Luana Araújo.
Pesquisas internacionais avaliam se uma dose não abre, inclusive, margem para uma meia centes sigam agora ainda mais as medidas contra a Covid, como distanciamento social e uso de máscaras.

— AlInglaterra decidiu avaliar quala proteção que os adolescentes vão desenvolver entre o intervalo das doses. O Brasil poderiater feito isso, dar uma dose para todos e daqui a 90 dias reavaliar. Durante a epidemia muitas informações vão aparecendo coma passar do tempo.

Hávários trabalhos sendo feitos, e países como própria Inglaterra, EUA, Israel e Canadá vão Meu estado vai manter a vacinação. Levo ounão meu filho adolescente? Tanto Luana Araújo quanto Salmo Raskin recomendam que sim, os adolescentes continuem ase vacinar onde isso for possível.

— As evidências epidemiológicas internacionais mostram que é essa a conduta segura. No contexto brasileiro, em quehá circulação viral incontrolável e introdução recente da variante Delta, não existe a possibilidade deorisco versus benefício das de por Covid na população pediátrica é sete vezes maior que nos EUA. Aqui, morreram 2.400 menores de 18 anos. Nos EUA, foram 400 e lá tem mais pessoasnessa idade do que aqui.

Além disso, o número de brasileiros mortos por Covid-19 nessa faixa etária é maior do que o provocado por todas as doenças imunopreveníveis juntas. E ainda temo papel coletivo: as crianças e adolescentes precisam retornas às escolas sem expor funcionários, professores ou familiares.
segura para adolescentes. No entanto,a organização pede que os países não vacinem adolescentes enquanto outros países nem começaram a vacinar populações vulneráveis.

— Existe uma injustiça no fato de que boa parte do mundo não recebeu nema primeira dose da vacina ainda, eé papel da OMS defende amelhor distribuição de doses no mundo.

Assim como foi contra a dose de reforço (para idosos). São argumentos humanitários, e não científicos.

Isso não tem nada a ver com segurança da vacina contra crianças e adolescentes — afirma Raskin.

Fonte: O Globo