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04/09/2017 - Momento de crise exige esforço da categoria no setor público
Más condições de trabalho, estruturas sucateadas, subfinanciamento e baixos salários fazem do serviço público um desafio para os médicos jovens
O primeiro painel do 2º Encontro de Médicos Jovens foi coordenado pela anestesista Jamile Barbosa Pereira, também integrante da Comissão do Médico Jovem da APM, que abriu a discussão falando sobre a relação complicada no setor. “Somos inseridos desde a graduação no serviço público e sabemos de todos os problemas que tem. É uma relação de amor grande, tenho esse fervor dentro de mim e acredito que ele ainda pode dar certo”, avaliou.
O diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury, agradeceu aos cinco jovens médicos que assumiram a missão de colocar os colegas das novas gerações no associativismo. “A gente vê atitudes populistas colocando médicos como massa de manobra e mão de obra praticamente gratuita para atender interesses eleitorais. Abrem diversas faculdades. Daqui a alguns anos, seremos centenas de milhares de médicos.”
Gilberto Natalini, vereador e cirurgião gástrico, contou aos presentes um pouco de sua trajetória e o que pensa do serviço público. “Se não fosse o Sistema Único de Saúde, onde a maioria dos brasileiros seria atendida? Embora vejamos hoje, por exemplo, prontos-socorros como praças de guerra. Com agressões, brigas e muita confusão. A população vê na primeira pessoa de branco o culpado por sua situação de espera”, considera.
Segundo ele, o caminho natural do médico brasileiro é atender no SUS em algum momento da vida. “Para isso, vocês têm que fazer o que eu e minha geração fizemos. Ser um bom profissional, mesmo com salário baixo, dedicando-se ao paciente e cumprindo as regras. A sobrevivência da nossa categoria está na união. Sou associado da APM desde o começo da minha vida profissional e acredito que todos têm de participar, para lutarmos juntos por nossos direitos.”
Conforme destacou Natalini, temos 207 milhões de habitantes no Brasil, sendo que 75% dependem exclusivamente do SUS: “Além disso, o SUS fica responsável por casos graves de cânceres e doenças infecciosas, tratamentos não cobertos na saúde privada”.
João Ladislau Rosa, conselheiro e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), apresentou dados que mostraram a contradição de o Ministério da Saúde considerar a Medicina de Família e Comunidade como linha estruturante do atendimento no SUS, enquanto temos apenas 1% dos especialistas brasileiros nessa área.
“São 45 mil equipes de Saúde da Família e só temos cinco mil médicos especialistas. Ou seja, a maioria das estruturas deve contar com clínicos e pediatras atuando como médicos de família. Acredito que temos que brigar por uma carreira para esses especialistas. Hoje há uma miscelânea de formas de contratação em São Paulo, com muita variação salarial. Também precisamos organizar essa questão”, complementou.
Também foi abordada a importância de representação legislativa dos médicos. Segundo Marun Cury, hoje há 150 pecuaristas e 80 evangélicos na Câmara, contra 43 deputados médicos. “Por isso, trabalhamos na criação da Frente Parlamentar de Medicina. Hoje, há muitos projetos desfavoráveis ao médico e à Saúde e não ficamos sabendo. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo. Precisamos nos antecipar e negociar com as demais bancadas”, finalizou.