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16/11/2021 - Novos medicamentos antivirais marcam a segunda grande virada na Covid-19

Altamente eficazes, remédios da Merck e Pfizer em forma de comprimidos podem ajudar a acabar definitivamente com a pandemia global.

A pandemia da Covid-19 ainda não acabou, mas os avanços da ciência e da medicina nos tem trazido cada vez mais boas notícias. Além da vacina, grande responsável pela queda de casos, mortes e transmissão do coronavírus, temos em vista dois novos medicamentos antivirais que, de tão eficazes, tiveram seus ensaios clínicos finalizados antes do tempo e estão sendo considerados pelos reguladores para uso geral contra a doença, mesmo não tendo ainda os dados publicados. Segundo especialistas, esses remédios preencherão uma grande lacuna no combate ao SARS-CoV-2 e podem ajudar a acabar definitivamente com a pandemia.

Tratam-se do molnupiravir (Lagevrio), desenvolvido pela Merck – MDS no Brasil – em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics, e o Paxlovid, criado pela Pfizer. Ambos são comprimidos indicados para casos leves e moderados da doença, que, se administrados nos primeiros cinco dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, diminuem consideravelmente os riscos de as pessoas infectadas serem hospitalizadas ou morrerem.

O molnupiravir é o que se conhece como pró-fármaco, ou seja, é convertido em sua forma ativa quando chega ao interior das células. Uma vez lá, é incorporado ao material genético do vírus, interrompendo sua capacidade de replicação. Mas tem um porém: testes em animais levantaram preocupações de que a droga possa representar riscos para crianças em gestação, portanto, o governo britânico, que já autorizou o uso emergencial do molnupiravir no Reino Unido, desaconselhou sua administração durante a gravidez ou amamentação. Já o Paxlovid é, na verdade, uma combinação de dois medicamentos: o ritonavir e um novo inibidor da enzima conhecida como pf -07321332, que o SARS-COV-2 usa para se replicar.

Tanto o molnupiravir quanto o Paxlovid são conhecidos como medicamentos de “pequenas moléculas”, ou seja, fáceis de produzir. Por isso, ambas as empresas afirmam que o preço dos medicamentos vai variar de acordo com a riqueza da nação que os consumir. Isso provavelmente significará que os países ricos pagarão cerca de US$ 700 por uma cartela de pílulas para cinco dias, enquanto os mais pobres poderão comprar a mesma quantidade por US$ 20, talvez até menos, dependendo do custo de fabricação.

Embora as farmacêuticas tenham declarado que pretendem tornar esses medicamentos amplamente acessíveis em todo o mundo, a Merck tem uma vantagem: assinou uma série de licenças que permitem que outros fabricantes produzam o remédio, além de ter reservado 3 milhões de doses para países de baixa e média renda, garantindo assim que os países ricos não monopolizem o fornecimento dos novos fármacos, como fizeram com as vacinas. A Merck espera produzir 10 milhões de doses este ano e 20 milhões em 2022. A Pfizer, que ainda não recebeu nenhuma autorização regulatória, espera que 180.000 embalagens de comprimidos sejam produzidas até o final deste ano e 21 milhões no primeiro semestre do ano que vem.

Essas drogas anunciam uma segunda grande virada na pandemia (a primeira foi com as vacinas). O número crescente de casos na Europa sugere que haverá uma forte demanda por esses medicamentos para manter as pessoas fora do hospital. Enquanto os pacientes esperam a chegada no mercado, também é possível que os médicos considerem o uso de fluvoxamina, um medicamento antidepressivo que reduz os riscos da Covid-19. Mas, à medida que os novos tratamentos começam a ser usados, alguns cientistas já se preocupam com o desenvolvimento de resistência do vírus, principalmente se os pacientes não concluírem o esquema vacinal.

Por isso, será essencial manter-se um passo à frente do SARS-COV-2 com planejamento para tal eventualidade. Isso significa deduzir quais drogas antivirais podem ser administradas em combinações para criar uma terapia que o vírus, mesmo resistente e em suas variantes, terão dificuldade em derrotar.

Fonte: Veja Online