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29/07/2019 - Número de leitos por habitante é o menor dos últimos 5 anos
A população de Americana tem a menor disponibilidade de leitos hospitalares dos últimos cinco anos, considerando a rede pública e privada. Em 2018, haviam 599 vagas na cidade, uma média de 2,52 leitos por mil habitantes.
O dado consta na edição 2019 do Informativo Socioeconômico elaborado pela prefeitura e traz a disponibilidade de leitos entre 2014 e o ano passado. Há cinco anos, eram 702 leitos, uma média de 3,09 por mil habitantes.
Na rede privada, houve oscilações ao longo do período. Em 2014 eram 362 leitos, que aumentaram ano a ano e chegaram a 407 em 2017. Em 2018, contudo, os leitos despencaram para 376. A média é de 1,58 leito particular por mil habitantes. Os convênios que atendem na cidade foram procurados pelo LIBERAL, mas não comentaram os números.
No SUS (Sistema Único de Saúde), há 223 leitos disponíveis, uma média de menos de um leito por mil habitantes (0,94). Para a prefeitura, a redução observada se explica pelo fechamento do Hospital Infantil André Luiz, em 2015, e pela diminuição de leitos psiquiátricos no Hospital Seara.
Neste último, os leitos que a entidade filantrópica oferecia ao SUS caíram de 140 para 94 em 2016. O motivo foi a falta de recursos para manutenção dos pacientes, já que o valor fornecido pelo Ministério da Saúde não cobre todo o custo do tratamento e sustento.
Assistente financeiro da entidade, José Pires apontou que a diária por paciente é de R$ 167 e que o custeio do SUS chega a R$ 82,40 nos primeiros três meses. Após esse período, o valor cai para R$ 66,05. Antes de um decreto do ex-presidente Michel Temer, em 2017, o valor era ainda menor – chegava a apenas R$ 49,70.
“Reduzir o número de leitos seria uma forma de equalizar um pouco a situação para evitar fechar o hospital. Tínhamos um prejuízo de até R$ 60 mil por mês, uma coisa impressionante, por isso reduzimos”, explicou Pires.
A taxa de ocupação dos leitos do SUS no hospital chega a 99%. José Pires avalia que diante da necessidade da população seria necessário aumentar. “O problema é como vai ampliar se a diária não remunera sequer o custo”, pontuou o assistente.
No período analisado, outro fator que alterou a disponibilidade de vagas foi o fechamento do Hospital Dia do Seara, que atendia cerca de 25 pessoas durante o período diurno. O encerramento das atividades se deu para atender a uma determinação do governo federal.
Tendência
A redução de leitos na rede pública é uma tendência nacional. Levantamento do Conselho Federal de Medicina do ano passado aponta fechamento de 34,2 mil vagas desde 2010.
Representante de São Paulo no Conselho Federal de Medicina e vice-presidente da Associação Paulista de Medicina, Jorge Carlos Machado Curi lamentou a perda, mas destacou a importância de aprimorar a atenção básica – ou seja, os postos de saúde.
“O pronto-socorro acabou um receptador das carências da saúde, se tornou uma coisa desumana. Uma coisa que não foi tratada, foi negligenciada antes, e acaba se atendendo em uma situação precária, com possibilidades de complicações”, alertou.
Ainda de acordo com o levantamento do Conselho, a rede privada abriu 12 mil leitos no país no período analisado.
Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
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