O QUE DIZ A MÍDIA
19/05/2021 - Número de mortos à espera de vagas volta a acelerar em SP
A quantidade de pessoas que morreram à espera de leitos de UTI para Covid-19 no estado de São Paulo chegou a 698 desde o início deste ano, em 29 cidades de várias partes do estado, pesquisadas pela reportagem.
Embora essas mortes venham sendo registradas desde o mês de janeiro, a maior parte delas, 77,4%, o equivalente a 541, foram registradas entre os meses de março e abril deste ano.Esses óbitos foram de pessoas que estavam internadas em serviços públicos de saúde das cidades pesquisadas. O número pode ser maior, já que outras 12 administrações municipais não responderam aos pedidos de informações.
Esta foi a sexta sondagem desse tipo desde o dia 11 de março. Na última consulta às prefeituras, o quinto levantamento, feito no dia 22 de abril, 579 pessoas haviam morrido por essas mesmas condições. A diferença do dia 22 de abril até agora é de 118 novas mortes, ou 20,4% a mais no período, também em 29 cidades.
Na primeira vez que a sondagem foi feita, no dia 11 de março, 44 pessoas haviam morrido à espera de leito de UTI. Oito dias depois, em 19 de março, o número mais do que dobrou, chegando a 104 registros na segunda sondagem. O maior salto foi percebido no terceiro levantamento, concluído no dia 31 de março, portanto, 12 dias após o anterior, quando foram anotadas 336 mortes, o equivalente a 223% mais.
No dia 5 de abril, quando o quarto levantamento foi feito, foram identificadas 532 mortes de pessoas à espera de um leito de UTI. O número significava um avanço de 58,3% no comparativo com a sondagem anterior. No quinto levantamento, em 22 de abril, o número de mortos em fila de UTI chegou a 579, numa evolução de 8,11% nos registros, o que demonstrou alta, porém, em ritmo menos acelerado. Agora a evolução chega a 20,5%, o que indica um repique.
Se for dividido o número de novas mortes do atual levantamento, 118, pela quantidade de dias em que elas ocorreram (25, já que a sondagem anterior foi em 22 de abril), chega-se a uma média diária de 4,7 mortes/dia na fila da UTI no período. O número é superior ao aferido na quinta sondagem, de 2,7 ao dia, cálculo que leva em conta a divisão de 47 mortes em 17 dias (entre 5 de abril até 22 de abril).
Isso significa que o ritmo de mortes de pessoas à espera de UTI está ocorrendo 74% mais rápido agora.A situação revela que a pandemia está longe de acabar e a situação ainda é muito grave, segundo o médico sanitarista Jorge Kayano, do Instituto Polis. “Com as novas cepas, mais agressivas e acometendo inclusive pessoas mais jovens, sem comorbidades, aumentam as internações, o que eleva a demanda pelas UTIs, e, em última instância, as mortes”, diz.
Dados do governo estadual indicam que na segunda 21.595 pacientes estavam internados, sendo 10.078 em UTIs e 11.517 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 78,5% e na região metropolitana, de 76,6%.
Fonte: Folha de S.Paulo