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27/05/2020 - OMS reforça que suspensão de medidas de isolamento deve ser feita de forma lenta

G1

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou, nesta quarta-feira (27), que a suspensão das medidas de isolamento para tentar conter o novo coronavírus deve ser feita de forma lenta.

"O que estamos aprendendo com todos os países que estão começando a suspender as medidas [de isolamento] é que isso precisa ser feito de maneira lenta e escalonada e com base em dados. E isso significa: temos a estrutura de saúde pública necessária para saber onde o vírus está?", avaliou a diretora técnica da OMS, Maria van Kerkhove.

"O que países da Ásia e da Europa que têm suspendido as medidas conseguem fazer é identificar rapidamente os casos e olhar para as métricas: quantos casos estão sendo detectados? Qual é a ocupação de leitos? Qual é o número de mortes com o passar do tempo? Qual é o número de reprodução [do vírus]? Há alguns critérios", ressaltou van Kerkhove.

No mês passado, a entidade já havia listado 6 critérios que os países deveriam analisar antes de retomar as atividades:

  • Controle da transmissão
  • Oferta suficiente de serviços médicos e de saúde pública
  • Minimização dos riscos de um novo surto
  • Medidas preventivas em locais essenciais, como escolas, locais de trabalho e outros
  • Controle dos riscos de importação do vírus
  • Participação ativa das comunidades

Cloroquina e hidroxicloroquina

O diretor de emergências da organização, Michael Ryan, voltou a afirmar que a OMS não recomenda o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratar ou prevenir a infecção por Covid-19. Na segunda-feira (25), o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou a suspensão dos testes com hidroxicloroquina as substâncias nos ensaios Solidariedade.

"Nós não aconselhamos o uso de hidroxicloroquina ou cloroquina para o tratamento da Covid-19 fora de ensaios clínicos ou sob supervisão clínica apropriada submetida a regulações nacionais de autoridades", afirmou Ryan. "Acho que o conselho da OMS sobre isso está claro."

Os testes da OMS com a hidroxicloroquina foram suspensos depois que um estudo com 96 mil pessoas, publicado na revista científica "The Lancet", não encontrou benefícios do uso da substância no tratamento da Covid-19.

"Essas drogas são extremamente úteis e salvam vidas no tratamento de outras doenças, particularmente lúpus e malária. É extremamente importante que pessoas que usam essas drogas sob supervisão clínica apropriada continuem a tomar a medicação prescrita e continuem a ter acesso a essas medicações", lembrou Ryan.

"A preocupação com o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina se refere especificamente ao uso no tratamento contra a Covid-19. Não há evidência empírica, neste momento, que essas drogas funcionam nesse caso – para tratamento ou para prevenção", reforçou.

Fundação OMS

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou também nesta quarta o lançamento da Fundação OMS. A iniciativa pretende ampliar o financiamento da entidade, além de conferir mais liberdade sobre a forma com que os fundos serão utilizados, afirmou Tedros.

"Uma das maiores ameaças ao sucesso da OMS é o fato de que menos de 20% do nosso orçamento vem sob a forma de contribuições flexíveis dos Estados-membros, enquanto mais de 80% são contribuições voluntárias, que costumam ser reservadas para programas específicos", explicou Tedros. "Isso faz com que, na prática, a OMS tenha muito pouco poder de decisão sobre como gasta seu dinheiro".

Ele disse, então, que apesar de os países terem dado, progressivamente, mais liberdade à organização sobre a forma como empregar o dinheiro, a necessidade de ampliar a base de doadores ficou clara – inclusive com a possibilidade de doação direta do público geral.

"Desde fevereiro de 2018 estamos trabalhando duro para lançar a Fundação OMS, e hoje nos dá um prazer enorme lançá-la oficialmente", declarou Tedros.

O diretor-geral esclareceu que, como a fundação não estava pronta para ser lançada no início da pandemia, foi criado o Fundo Solidariedade. Segundo Tedros, a iniciativa já angariou US$ 214 milhões (cerca de R$ 1,13 bilhões) de mais de 400 mil pessoas e empresas, incluindo os US$ 55 milhões (cerca de R$ 291 milhões) conseguidos com o show virtual "One World: Together at Home", no mês passado.

O dinheiro, explicou Tedros, vem sendo usado para comprar testes, equipamentos de proteção individual (EPIs) e para financiar pesquisas, inclusive de vacinas.