O QUE DIZ A MÍDIA
08/10/2019 - Outubro Rosa: principais dicas para prevenção do câncer de mama e detecção precoce
Estadão
SÃO PAULO - O câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 60 mil novos casos serão diagnosticados neste ano. O número impressiona. E as dúvidas são inúmeras: quais são os sintomas do câncer de mama? Devo fazer o autoexame? É hereditário? Dói? O que fazer para prevenir?
Reunimos os principais questionamentos e conversamos com três especialistas para respondê-los: Carlos Alberto Ruiz, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia; Fabiana Makdissi, chefe de Mastologia do hospital A.C Camargo; e Marcelo Bello, mastologista do Inca e diretor do Hospital do Câncer III.
Geralmente, o primeiro sintoma notado pelo paciente é o nódulo. Isso não significa que, necessariamente, a pessoa está com câncer. Cerca de 80% dos nódulos de mama são benignos.
- Retração da pele na região mamária;
- Secreção de líquidos pelos mamilos;
- Afundamento do mamilo;
- Alteração no tamanho ou formato da mama;
Segundo Ruiz, “todo câncer de mama, assim como todo câncer, advém de uma alteração genética”. Ele explica que um gene entra em mutação e faz com que a multiplicação das células se intensifique. De acordo com ele, dentre os fatores que podem induzir esse processo estão os hormônios estrogênio e progesterona - os “grandes vilões da história”. Os dois são necessários para o desenvolvimento do corpo e para o funcionamento do ciclo menstrual. Quando há um desequilíbrio entre os níveis de progesterona e estrogênio, várias doenças podem surgir e, entre elas, o câncer de mama. A partir do momento em que a produção de progesterona cai e a presença do estrogênio se torna maior, as células se multiplicam mais rapidamente. Essa multiplicação desenfreada pode causar o câncer.
Todo câncer de mama é genético, ou seja, desenvolve-se a partir de uma alteração de um gene. Porém, nem todo câncer de mama é hereditário. Apenas de 5% a 15% dos casos de câncer de mama têm relação com um histórico familiar. Os demais casos são esporádicos, acidentais.
Qual tipo é o tipo de câncer de mama mais perigoso?
Os tipos mais perigosos são o triplo-negativo e o HER2 positivo. São eles que têm comportamento mais agressivo, apresentam maior mortalidade e maior risco de metástase. Segundo Ruiz, “na maioria das vezes, a mulher com câncer de mama não morre por problema local do câncer, isso acontece raramente. Ela morre em função da metástase”.
De acordo com Ruiz, normalmente não. “E isso é um problema. Por não doer, a pessoa acaba adiando a procura por um profissional de saúde. Se doesse, o auxílio médico seria precocemente buscado e as chances de cura seriam maiores”, diz.
Os médicos têm usado cada vez menos o termo autoexame. Embora já seja popularmente conhecido, eles acreditam que a palavra pode confundir os pacientes e passar a ideia de que a estratégia pode substituir um exame feito por um profissional. Os mastologistas preferem falar em autoconhecimento. Na prática, envolve tudo o que o antigo autoexame englobava.
Para a mastologista Fabiana, é preciso incentivar que as pacientes conheçam o próprio corpo, as suas características, para, a partir disso, conseguir reconhecer eventuais mudanças causadas por alguma doença. “Olhar-se no espelho é fundamental. Não dá para enxergar a parte inferior da mama sem olhar no espelho”, afirma. A médica deu outras dicas:
- Eleve e abaixe o braço, observe se há alguma mudança;
- Palpe a mama durante o banho;
- Cuide do seu corpo para identificar mudanças como: assimetria das mamas, mudança de coloração, presença de nódulos, pele enrugada, eliminação de secreção, entre outras.
Fabiana ressalta que a detecção de alguma dessas alterações “não significa que seja câncer, mas sim sinais de alerta”. A orientação é procurar um médico.
Quase 40% dos casos de câncer de mama no Brasil acontecem antes dos 50 anos. Por isso, a recomendação da Sociedade Brasileira de Mamografia é de que toda mulher a partir dos 40 anos faça uma mamografia anualmente. No exame, podem ser detectadas lesões não-palpáveis, ou seja, lesões que ainda são muito pequenas - essa é a grande vantagem da mamografia.
Ruiz explica que só é possível “palpar o nódulo a partir de 1,5 cm ou 2 cm. A mamografia faz um diagnóstico milimétrico, por isso é tão importante. Isso representa uma diferença enorme no prognóstico”. Ele diz que a cobertura dos exames de mamografia está longe de ser a ideal: “de 70% a 80% das mulheres que precisariam fazer mamografia não fazem”.
Sim, uma boa alimentação pode ajudar a prevenir o câncer de mama. Segundo o mastologista, “depois da menopausa, cada quilo representa quase 1% a mais de risco de surgimento ou recidiva do câncer”. Depois da menopausa, os ovários entram em falência e diminuem a produção hormonal. O ovário é o responsável pela produção de um hormônio chamado androgênio, que, na gordura, é transformado em estrogênio (hormônio que estimula a multiplicação das células). “Quanto mais gordura a mulher tiver na pós-menopausa, maior é a conversão de androgênio em estrogênio”, afirma.
A prática de exercícios físicos e a manutenção de uma boa saúde mental também podem ajudar na prevenção, segundo os especialistas.
Apesar de mais raro, o homem pode sim ter câncer de mama, afirma o mastologista Bello. Para cada cem casos desse tipo de câncer, apenas um acomete os homens. Pela baixa incidência, eles não costumam se preocupar com a doença. É preciso observar a presença de nódulos, a assimetria das mamas e ficar atento ao histórico familiar.
A cirurgia é realizada na maioria das vezes. A operação pode servir - dentre várias coisas - para traçar as sessões de radioterapia e quimioterapia, por exemplo. Para Ruiz, “tudo isso junto estabelece o sucesso do tratamento. Não adianta só operar se não tem uma boa rádio ou quimio. É o conjunto”.
Segundo Bello, “quando a prótese de silicone é implantada, a anatomia das mamas é modificada. Dessa forma, a mulher precisa conhecer esse novo corpo e, a partir daí, detectar possíveis alterações”.
Ruiz esclarece que “se o anticoncepcional aumenta o risco, aumenta muito pouco. Isso não o torna contraindicado para as mulheres”. Para ele, é preciso avaliar caso a caso. “Para as mulheres que têm histórico familiar de câncer de mama talvez não valha a pena utilizar os anticoncepcionais hormonais”, completa. São preferíveis os anticoncepcionais não-hormonais, como o DIU de cobre, por exemplo.
Reunimos os principais questionamentos e conversamos com três especialistas para respondê-los: Carlos Alberto Ruiz, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia; Fabiana Makdissi, chefe de Mastologia do hospital A.C Camargo; e Marcelo Bello, mastologista do Inca e diretor do Hospital do Câncer III.
Geralmente, o primeiro sintoma notado pelo paciente é o nódulo. Isso não significa que, necessariamente, a pessoa está com câncer. Cerca de 80% dos nódulos de mama são benignos.
- Retração da pele na região mamária;
- Secreção de líquidos pelos mamilos;
- Afundamento do mamilo;
- Alteração no tamanho ou formato da mama;
Segundo Ruiz, “todo câncer de mama, assim como todo câncer, advém de uma alteração genética”. Ele explica que um gene entra em mutação e faz com que a multiplicação das células se intensifique. De acordo com ele, dentre os fatores que podem induzir esse processo estão os hormônios estrogênio e progesterona - os “grandes vilões da história”. Os dois são necessários para o desenvolvimento do corpo e para o funcionamento do ciclo menstrual. Quando há um desequilíbrio entre os níveis de progesterona e estrogênio, várias doenças podem surgir e, entre elas, o câncer de mama. A partir do momento em que a produção de progesterona cai e a presença do estrogênio se torna maior, as células se multiplicam mais rapidamente. Essa multiplicação desenfreada pode causar o câncer.
Todo câncer de mama é genético, ou seja, desenvolve-se a partir de uma alteração de um gene. Porém, nem todo câncer de mama é hereditário. Apenas de 5% a 15% dos casos de câncer de mama têm relação com um histórico familiar. Os demais casos são esporádicos, acidentais.
Qual tipo é o tipo de câncer de mama mais perigoso?
Os tipos mais perigosos são o triplo-negativo e o HER2 positivo. São eles que têm comportamento mais agressivo, apresentam maior mortalidade e maior risco de metástase. Segundo Ruiz, “na maioria das vezes, a mulher com câncer de mama não morre por problema local do câncer, isso acontece raramente. Ela morre em função da metástase”.
De acordo com Ruiz, normalmente não. “E isso é um problema. Por não doer, a pessoa acaba adiando a procura por um profissional de saúde. Se doesse, o auxílio médico seria precocemente buscado e as chances de cura seriam maiores”, diz.
Os médicos têm usado cada vez menos o termo autoexame. Embora já seja popularmente conhecido, eles acreditam que a palavra pode confundir os pacientes e passar a ideia de que a estratégia pode substituir um exame feito por um profissional. Os mastologistas preferem falar em autoconhecimento. Na prática, envolve tudo o que o antigo autoexame englobava.
Para a mastologista Fabiana, é preciso incentivar que as pacientes conheçam o próprio corpo, as suas características, para, a partir disso, conseguir reconhecer eventuais mudanças causadas por alguma doença. “Olhar-se no espelho é fundamental. Não dá para enxergar a parte inferior da mama sem olhar no espelho”, afirma. A médica deu outras dicas:
- Eleve e abaixe o braço, observe se há alguma mudança;
- Palpe a mama durante o banho;
- Cuide do seu corpo para identificar mudanças como: assimetria das mamas, mudança de coloração, presença de nódulos, pele enrugada, eliminação de secreção, entre outras.
Fabiana ressalta que a detecção de alguma dessas alterações “não significa que seja câncer, mas sim sinais de alerta”. A orientação é procurar um médico.
Quase 40% dos casos de câncer de mama no Brasil acontecem antes dos 50 anos. Por isso, a recomendação da Sociedade Brasileira de Mamografia é de que toda mulher a partir dos 40 anos faça uma mamografia anualmente. No exame, podem ser detectadas lesões não-palpáveis, ou seja, lesões que ainda são muito pequenas - essa é a grande vantagem da mamografia.
Ruiz explica que só é possível “palpar o nódulo a partir de 1,5 cm ou 2 cm. A mamografia faz um diagnóstico milimétrico, por isso é tão importante. Isso representa uma diferença enorme no prognóstico”. Ele diz que a cobertura dos exames de mamografia está longe de ser a ideal: “de 70% a 80% das mulheres que precisariam fazer mamografia não fazem”.
Sim, uma boa alimentação pode ajudar a prevenir o câncer de mama. Segundo o mastologista, “depois da menopausa, cada quilo representa quase 1% a mais de risco de surgimento ou recidiva do câncer”. Depois da menopausa, os ovários entram em falência e diminuem a produção hormonal. O ovário é o responsável pela produção de um hormônio chamado androgênio, que, na gordura, é transformado em estrogênio (hormônio que estimula a multiplicação das células). “Quanto mais gordura a mulher tiver na pós-menopausa, maior é a conversão de androgênio em estrogênio”, afirma.
A prática de exercícios físicos e a manutenção de uma boa saúde mental também podem ajudar na prevenção, segundo os especialistas.
Apesar de mais raro, o homem pode sim ter câncer de mama, afirma o mastologista Bello. Para cada cem casos desse tipo de câncer, apenas um acomete os homens. Pela baixa incidência, eles não costumam se preocupar com a doença. É preciso observar a presença de nódulos, a assimetria das mamas e ficar atento ao histórico familiar.
A cirurgia é realizada na maioria das vezes. A operação pode servir - dentre várias coisas - para traçar as sessões de radioterapia e quimioterapia, por exemplo. Para Ruiz, “tudo isso junto estabelece o sucesso do tratamento. Não adianta só operar se não tem uma boa rádio ou quimio. É o conjunto”.
Segundo Bello, “quando a prótese de silicone é implantada, a anatomia das mamas é modificada. Dessa forma, a mulher precisa conhecer esse novo corpo e, a partir daí, detectar possíveis alterações”.
Ruiz esclarece que “se o anticoncepcional aumenta o risco, aumenta muito pouco. Isso não o torna contraindicado para as mulheres”. Para ele, é preciso avaliar caso a caso. “Para as mulheres que têm histórico familiar de câncer de mama talvez não valha a pena utilizar os anticoncepcionais hormonais”, completa. São preferíveis os anticoncepcionais não-hormonais, como o DIU de cobre, por exemplo.
Ruiz diz que essa é uma questão bastante discutida entre os médicos. Ele ressalta que ainda não é possível afirmar que existe uma relação de causa e consequência entre as doenças pela falta de trabalhos científicos que deem suporte à ideia. “A gente acha que pode ter, porque a depressão não é só emocional, é também imunológica”.
" dir="ltr">Ruiz diz que essa é uma questão bastante discutida entre os médicos. Ele ressalta que ainda não é possível afirmar que existe uma relação de causa e consequência entre as doenças pela falta de trabalhos científicos que deem suporte à ideia. “A gente acha que pode ter, porque a depressão não é só emocional, é também imunológica”.