O QUE DIZ A MÍDIA
01/06/2021 - País não tem preparo para receber torneio, dizem infectologistas
O alto número de casos da Covid-19, que indicam circulação intensa do SarsCoV-2 no país, e a vacinação ainda lenta contra a doença sinalizam que é inadequada a realização de uma competição como a Copa América no Brasil atualmente, segundo médicos infectologistas.
“Trata-se de uma situação absurda e irresponsável. O campeonato está programado para ocorrer quando o país estiver atingindo a faixa das 500 mil vidas perdidas pela Covid-19, um total desrespeito”, afirma Leonardo Weissmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
A média de novos casos de Covid-19 ficou em cerca de 56 mil por dia na última semana. Desde o início de maio, o número teve um crescimento que já está refletido na alta ocupação dos hospitais em diversas partes do país. A média diária de mortes causadas pela doença está acima de 1.000 há quase 130 dias. Até o domingo (30), o país tinha mais de 462 mil óbitos.
Os números indicam que a situação da pandemia está longe do controle —e os dados ainda não contam a história toda, uma vez que o Brasil faz poucos testes de Covid na população, e muitos casos da doença nem entram na conta.
“Quanto maior a disseminação do vírus, maiores as chances de termos mutações que o ajudam a ser mais transmissível e até capaz de gerar doença mais grave”, diz o infectologista e pediatra Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
“Por mais que esteja previsto um isolamento dos times, sabemos que eles ainda entram em contato com muitas pessoas; nos aeroportos, com pessoas que prestam serviços de alimentação e limpeza dos quartos, e com os jogadores de outros países”, afirma o médico.
Essa interação inevitável em diversos momentos colabora para que seja grande o risco de uma variante estrangeira ser introduzida no Brasil, ou uma variante em circulação no país escapar para o exterior.
“O Brasil concentra, atualmente, quase metade dos óbitos de Covid-19 da América Latina, que recentemente ultrapassou a marca de um Leonardo Weissmann infectologista do Instituto Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia milhão. A variante P.1 do vírus, que é extremamente contagiosa, está espalhada por todo o país. Não é momento para um evento desse porte no Brasil”, diz Weissmann.
A chegada de uma variante mais transmissível faz com que a doença rapidamente se alastre, como aconteceu em Manaus no início de 2021 com a P.1, e mais recentemente na Índia, com a variante B.1.617.
Assim, uma competição internacional traz maior risco do que torneios locais, realizados regularmente no país sem público. Muitos dos jogadores das seleções que competem na Copa América jogam por times europeus ou asiáticos.
Além das delegações oficiais, não há hoje como evitar que os torcedores de países vizinhos venham para o Brasil (mesmo que não haja público nos estádios), aumentando ainda mais a circulação de estrangeiros no país.
Segundo os infectologistas, é possível conduzir um torneio em meio à pandemia sem maiores riscos, mas o Brasil não tem demonstrado capacidade para seguir os protocolos com o rigor necessário.
O principal exemplo de um torneio realizado na pandemia com segurança é a temporada de 2019-2020 da NBA, principal liga de basquete dos Estados Unidos. Ali, um isolamento rígido foi seguido por jogadores e equipes envolvidas na competição, com testagem constante de todos. O campeonato acabou servindo como laboratório para que cientistas entendessem melhor como o vírus é transmitido e quais protocolos podem afastá-lo.
“Gostamosdefutebolequeremos acompanhar nosso time.
Peru Novas mortes por Covid-19 por milhão de habitantes 27.mar.2020 “Trata-se de uma situação absurda e irresponsável. O campeonato está programado para ocorrer quando o país estiver atingindo a faixa das 500 mil vidas perdidas pela Covid-19, um total desrespeito Novos casos de Covid-19 por milhão de habitantes 27.mar.2020
Fonte: Folha de S.Paulo