O QUE DIZ A MÍDIA

14/05/2020 - "Pensar em flexibilização, só depois que controlar contágio", diz epidemiologista brasileiro na OMS

BBC

Países e Estados que ainda estão vendo crescer o número de casos de coronavírus não devem pensar em retomar atividades econômicas que não sejam essenciais. Apenas aqueles que observam redução do número de infectados e cujos sistemas de saúde estejam preparados para receber novos pacientes devem cogitar fazê-lo - e mesmo assim, de forma cautelosa.

Essa é a recomendação enfática do médico sanitarista e epidemiologista brasileiro Jarbas Barbosa da Silva, diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Antes da Opas, Barbosa presidiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre 2015 e 2018.

Em conversa com a BBC News Brasil, Barbosa não opinou diretamente sobre o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter incluído na lista de serviços essenciais, que podem funcionar durante a pandemia, academias de ginástica, salões de beleza e barbearias, decisão tornada pública na última segunda-feira, à revelia do Ministério da Saúde. "É uma decisão tomada por cada país. Não temos uma lista de serviços recomendados ou não", disse ele.

A inclusão não significa que a medida será posta em prática, já que a decisão de fazê-lo cabe a Estados e municípios, e não ao governo federal.

No entanto, Barbosa avaliou que há "pressupostos básicos" para que um país ou Estado venha a cogitar uma reabertura da economia. "Em primeiro lugar, só se pode pensar em um plano de transição de reabertura da economia quando a transmissão está controlada. Isso significa que o número de casos diminuiu, que busca-se testar todos os sintomáticos e mesmo assim não se vê crescimento de casos, que leitos de UTI e respiradores mecânicos estão com disponibilidade de atender quem necessitar deles", disse ele.