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08/11/2021 - Pfizer anuncia que pílula reduz morte e hospitalização em 89%

Um teste de uma pílula antiviral experimental da Pfizer para combater a Covid-19 foi interrompido antes do prazo previsto, depois que ficou comprovado que o remédio reduz em 89% a probabilidade de hospitalização ou morte para adultos que apresentam risco de desenvolver a doença em forma severa, anunciou a empresa.

Os resultados parecem superar os atingidos pelo molnupiravir, um medicamento da farmacêutica MSD (conhecida como Merck nos Estados Unidos e no Canadá), que de acordo com testes divulgados no mês passado reduz à metade a probabilidade de morte ou hospitalização por Covid-19 para pacientes de alto risco.

Dados completos sobre os testes conduzidos por ambas as empresas ainda não estão disponíveis.

A Pfizer anunciou que planeja submeter os resultados provisórios dos testes da pílula, usada em combinação com um antiviral já existente chamado ritonavir, à FDA, agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, como parte do pedido de uso de emergência que ela submeteu em outubro.

O tratamento combinado, que será vendido sob a marca Paxlovid, consiste de três pílulas ministradas em duas doses diárias.

A análise planejada de 1.219 pacientes que participam do estudo da Pfizer considera hospitalizações ou mortes entre pessoas que receberam diagnósticos de Covid-19 de amena a moderada, mas portadoras de pelo menos um fator de risco de desenvolver a forma grave da doença, como obesidade ou idade avançada.

O estudo constatou que 0,8% das pessoas que receberam o remédio da Pfizer em prazo de três dias de apresentarem sintomas foram hospitalizadas, e nenhuma delas morreu, nos 28 dias posteriores ao tratamento. Isso se compara a um índice de hospitalização de 7% para os pacientes que receberam placebos. No grupo tratado com o placebo, também aconteceram sete mortes.

As porcentagens foram semelhantes entre os pacientes que receberam tratamento cinco dias depois de apresentar sintomas —1% do grupo que recebeu o medicamento foi hospitalizado, ante 6,7% das pessoas que receberam o placebo, entre as quais também aconteceram dez mortes.

Antivirais precisam ser aplicados o mais cedo possível, antes que uma infecção se estabeleça, para que possam apresentar sua maior efetividade. A MSD testou em pacientes que haviam apresentado sintomas cinco dias antes.

“Determinamos que o remédio tinha alta eficácia, mesmo se aplicado cinco dias depois que o paciente começou a ser tratado. As pessoas podem esperar um ou dois dias antes de fazer um exame, e isso quer dizer que temos tempo de tratá-las e de realmente oferecer um benefício, da perspectiva da saúde pública”, disse Annaliesa Anderson, que comanda o programa da Pfizer.

A empresa não detalhou os efeitoscolateraisdotratamento, mas disse que cerca de 20% dos pacientes tratados com o remédio e com o placebo registraram efeitos adversos.

“Os dados sugerem que nosso candidato a medicamento antiviral oral, se aprovado pelas autoridades regulatórias, tem o potencial de salvar vidas de pacientes, reduzir a severidade das infecções pela Covid-19 e eliminar até 90% das hospitalizações”, afirmou Albert Bourla, presidente-executivo da Pfizer.

A companhia anunciou que antecipava produzir mais de 180 mil doses do remédio até o final de 2021, e pelos menos 50 milhões de doses até o final de 2022, 21 milhões das quais no primeiro semestre.

Especialistas em doenças infecciosas enfatizam que prevenir a Covid-19 por meio de uso generalizado de vacinas continua a ser a melhor maneira de controlar a pandemia, mas apenas 58% dos americanos já receberam as duas doses da vacina.

O medicamento da Pfizer, parte de uma categoria conhecida como inibidores de protease, foi criado para bloquear uma enzima de que o vírus precisa a fim de se multiplicar.

O molnupiravir da MSD tem um mecanismo de ação diferente, concebido para introduzir erros no código genético do vírus. A MSD já vendeu milhões de doses desse tratamento, que foi aprovado nesta semana pelas autoridades regulatórias britânicas, nos Estados Unidos, no Reino Unido e em outros países.

O Reino Unido anunciou no começo do mês que tinha reservado 250 mil doses do antiviral da Pfizer.

A empresa está estudando se a pílula pode ser usada por pessoas que não apresentem fatores de risco de Covid grave, bem como para prevenir a infecção por coronavírus de pessoas expostas ao vírus.

Fonte: Folha de S.Paulo