O QUE DIZ A MÍDIA
17/11/2021 - População com mais de 18 anos terá dose extra
O governo federal orientou a aplicação de dose de reforço da vacina de covid-19 para toda a população acima de 18 anos. A medida já está em vigor, mas a aplicação vai depender do cronograma de cada Estado e cidade.
São Paulo, por exemplo, já está fazendo essa aplicação para grupos específicos, como profissionais da saúde e da educação. Outra mudança é que a aplicação será para quem tomou a segunda dose há mais de cinco meses. Hoje, é após seis meses.
Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, há “doses de vacinas suficientes” para abastecer as 38 mil unidades básicas de saúde do País. O Brasil tem 125,5 milhões de pessoas totalmente imunizadas, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Inicialmente, o reforço estava sendo aplicado a adultos acima de 60 anos, imunossuprimidos (doente crônico, por exemplo) e profissionais de saúde.
Ao todo, 10,7 milhões de pessoas acima de 60 anos e trabalhadores de saúde já receberam reforço. Pelo Ministério da Saúde, outros 12,4 milhões estão aptos a receber mais uma aplicação neste mês.
“Agora, graças às informações que temos advindas dos estudos científicos, principalmente estudos de efetividade realizados em parceria com a Fiocruz e de um estudo que encomendamos em parceria com a Universidade de Oxford para avaliar a aplicação da 3.ª dose, que já temos dados preliminares, nós decidimos ampliar essa dose adicional”, ressaltou Queiroga.
A intenção da pasta é aplicar o reforço em 103 milhões de pessoas até maio. Segundo Rosana Leite de Melo, secretária de Enfrentamento à Covid, a ideia é que até o meio do ano que vem todos acima de 18 anos tenham recebido a dose extra. De acordo com Queiroga, a dose adicional será aplicada com uma vacina diferente daquelas recebidas inicialmente, a chamada imunização heteróloga.
Até o momento, apenas pessoas que tomaram AstraZeneca e Coronavac estão aptas a receber o reforço. Por isso, a aplicação é feita com as vacinas da Pfizer.
SEM ANVISA. A decisão não passou pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
“Esse comunicado em específico não foi conversado com a gente, mas a gente vinha cobrando, há alguns meses, esse cronograma para 2022 e entendia que tinha mesmo de dar a dose de reforço em todo mundo acima de 18”, afirmou o presidente do Conass, Carlos Lula.
Para a Anvisa, “as discussões sobre a dose de reforço são debates técnicos que estão a todo momento em curso”. Até o momento, apenas a Pfizer solicitou alteração do esquema previsto em bula para sua vacina.
O pedido de terceira dose está em análise na agência e pendente de complementação de dados pelo laboratório para que tenha prosseguimento.
Cabe à Anvisa mudar as bulas das vacinas a partir de pedidos dos laboratórios fabricantes.
Após a entrega dos dados, a agência autoriza ou não as alterações propostas.
O Estadão apurou que o Ministério da Saúde tomou a decisão de aplicar mais 103 milhões de doses adicionais até maio de 2022 sem ouvir também a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI).
REAÇÃO. Na opinião de especialistas ouvidos pelo Estadão, o Brasil deveria concluir o esquema vacinal contra a covid-19 em todas as faixas etárias e garantir uma proteção extra para os mais vulneráveis, antes de ampliar a oferta da terceira dose para toda a população maior de 18 anos. De acordo com os últimos números do consórcio de veículos de imprensa, 58,7% dos brasileiros estão com o esquema vacinal (de duas doses ou dose única) contra covid-19 completo.
“Há uma baixa procura pela terceira dose entre os grupos que mais precisam: idosos, profissionais de saúde e imunossuprimidos; a adesão está baixíssima”, afirmou a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) Carla Domingues.
“Mesmo a segunda dose está baixa ainda; entre os 20 e os 30 anos, a segunda dose está abaixo dos 30%. Como vamos falar em terceira dose se não completamos a segunda? Estamos perdendo o foco.” Em todo o mundo, um dos únicos países que já está oferecendo a dose para todas as faixas etárias é Israel. No entanto, a vacinação de toda a população foi completada ainda no meio do ano.
Isabella Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), ressalta que “queremos discutir a terceira dose para todos, mas a prioridade agora é concluir a segunda dose”. “Do jeito que foi anunciado, parece que todo mundo vai ser vacinado amanhã”, disse. “Estamos, mais uma vez, falhando na comunicação”, completou Carla Domingues.
Fonte: O Estado de S.Paulo