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07/10/2018 - Prêmio Nobel de Medicina premia imunoterapia contra o câncer
O Instituto Karolinska de Estocolmo atribuiu, nesta segunda-feira, 1º de outubro, o Prêmio Nobel de Medicina aos doutores James Patrick Allison (Universidade do Texas, Austin, EUA) e Tasuku Honko (Universidade de Kyoto, Japão). Ambos, trabalhando de maneira independente, fizeram observações relevantes que permitiram o desenvolvimento de formas novas e eficazes de imunoterapia contra o câncer.
Os dois laureados são imunologistas dedicados à investigação do papel do sistema imunológico na proteção contra o desenvolvimento do câncer. A pesquisa deles mostrou que a modulação de algumas proteínas expressas por linfócitos e que inibem a função dessas cédulas (PD-1 e CTLA-4) pode torna-las mais eficazes na eliminação de células neoplásicas.
A Fundação Nobel comunicou que as descobertas seminais dos vencedores representam um marco na luta contra o câncer e que as terapias baseadas nas descobertas deles provaram ser bastante eficazes.
O tratamento é inovador porque é direcionado ao sistema imune do paciente, em vez de atuar diretamente no tumor, tendo sido demonstrado como especialmente eficaz contra o melanoma maligno (um dos tipos mais graves de câncer) e tumores malignos de pulmão e rins, além de linfomas, havendo possibilidades de que tenha ação em muitos outros tipos de câncer.
Outro ponto importante de todas as formas de imunoterapia é que elas têm, em geral, menos efeitos colaterais do que as terapêuticas antineoplásicas tradicionais, representadas em especial pelas diferentes formas de quimioterapia.
A partir das observações dos dois laureados, que se iniciaram na década de 1990, desenvolveram-se anticorpos monoclonais humanizados anti-PD-1 e anti-CTLA-4 que, bloqueando a ação dessas proteínas, vão favorecer o “ataque” e a eliminação de células neoplásicas.
Imunoterapia no Brasil
Em nosso País, a imunoterapia para pacientes com câncer vem sendo usada cada vez mais. A oncologista clínica Nise Hitomi Yamaguchi, inclusive, é pioneira na área. Durante seu mestrado em Imunologia e doutorado em Biologia do Câncer na FMUSP, trouxe para o Brasil os primórdios dos conceitos de Imunologia de Tumores, tendo realizado o primeiro Congresso Brasileiro sobre o assunto, com a presença de eminentes cientistas mundiais.
Também criou o primeiro ambulatório da Universidade de São Paulo de Imunologia de Tumores, na época em que a AIDS e o câncer estavam juntos em uma epidemia, nos anos 1980. Trabalhando em sua tese no MD Anderson Cancer Center e visitando o Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York, Nise Yamaguchi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, introduziu no País diversos tratamentos inovadores, fazendo pesquisa clínica de novos anticorpos monoclonais e de novas moléculas com ações no sistema imunológico e na diferenciação celular.
Recentemente, recebeu o Joseph Cullen Award, que deu mérito a toda sua carreira pela prevenção e detecção precoce do câncer de pulmão, tendo sido essencial na aprovação das leis de controle do tabaco no Brasil. As pesquisas científicas em câncer de pulmão são inovadoras na área de imunologia e hoje, já vêm sendo praticadas nos serviços em que atua.
A Imunologia de Tumores pode promover o controle de doenças metastáticas, fazer a regressão de grandes massas tumorais e tem o potencial de fazer com que tumores mais iniciais sejam amplamente curados. A compreensão destas técnicas faz com que os oncologistas contem com mais armas na luta contra o câncer no Brasil e no mundo.