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06/07/2020 - Presidente da APM participa de webinar sobre cirurgia e educação

José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina e da Academia de Medicina de São Paulo, participou na última quarta-feira, 1º de julho, de webinar que discutiu a formação dos cirurgiões e dos médicos em geral. O Fórum de Ensino Médico em Cirurgia é iniciativa do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – Capítulo São Paulo (CBC/SP) e da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem).

Amaral destacou, em sua introdução, que está nas primeiras finalidades da Associação o desenvolvimento, a criação e a manutenção de iniciativas de ensino e de pesquisa no campo da Saúde. Na sequência, explicou que a instituição organiza atividades científicas por meio de Diretoria própria e que reúne departamentos de especialidades médicas e comitês multidisciplinares.

“Reunindo os Departamentos Científico e de Eventos da APM, tivemos cerca de 400 eventos entre 2017 e 2019, que vão desde reuniões científicas até congressos reunindo milhares de pessoas. É uma gama de atividades muito intensa. Além disso, recebemos em nossas dependências número significativo de sociedades de especialidades, que ali são acolhidas e, em comodato, usufruem de toda a estrutura”, acrescentou.

O presidente da APM então, relembrou que diante da pandemia de Covid-19, a entidade oferece agora, aos associados, uma plataforma para Telemedicina e certificação digital. “Mas não poderíamos oferecer ferramentas se não pudéssemos capacitar os médicos. Metodologias digitais requerem capacitação para ter efetividade e segurança. Então, oferecemos o curso on-line ‘Capacitação Básica em Telemedicina’, de 10 horas. E nos próximos dias, apresentaremos outros cursos sobre pesquisa em bases de dados e metodologia científica.”

Ele também reforçou que a Associação tem contribuído com a discussão sobre educação médica junto às Comissões de Residência Médica de todos os níveis. Além disso, falou brevemente sobre a Academia de Medicina de São Paulo e sua missão de promover o desenvolvimento e o estudo da Medicina em todas as áreas: nas ciências básicas, nas clínicas e nas cirúrgicas.

Cirurgia e educação médica
Nildo Alves Batista, presidente da Abem, antes de abordar especificamente o tema do encontro, realizou um preâmbulo em que mostrou que, hoje, no Brasil há 342 escolas médicas. Juntas, elas oferecem mais de 35 mil vagas e reúnem mais de 200 mil estudantes – o que corresponde a uma cidade de porte médio. “Quantidade, nós temos. Qualidade: precisamos sempre correr atrás.”

Batista ressaltou a necessidade de ter um olhar crítico sobre o ensino, com o intuito de avançar no que é proposto e ressignificar o que tem sido feito. “Nesse sentido, é importante a integração entre a Abem e as sociedades de especialidade, como o CBC, para que possamos crescer. Dentro desse período curto de seis anos de graduação, que competências queremos desenvolver nos nossos alunos em Cirurgia? O que está bom? O que precisa ser melhorado? Temos que nos debruçar um pouco sobre essas questões e pensar em uma construção de currículo que traga as competências que se quer alcançar no fim desse período”, propôs.

Atualmente, para ser um cirurgião não basta empunhar um bisturi e ter a competência essencial e básica para realizar o procedimento. Esse é o diagnóstico de Ramiro Colleoni Neto, mestre do CBC/SP. Ele explica que a sala cirúrgica aumentou muito em complexidade, considerando toda a trajetória do paciente, desde uma Unidade Básica de Saúde, passando pela operação e considerando o pós-operatório, o acompanhamento ambulatorial e a reintegração à rotina da melhor forma possível.

“São situações que demandam que o profissional cirúrgico tenha várias habilidades e que tenha criatividade para solucionar problemas. Cabe a nós orientarmos alunos de graduação, residentes e médicos recém-formados que estão submetidos a uma avalanche de conhecimento. No dia a dia, representamos modelos para a formação identitária e profissional dos residentes e graduandos.”

Após essas considerações, alguns dos convidados apresentaram detalhes programáticos das grades de suas escolas médicas no que se refere ao ensino cirúrgico. Leandro Luongo de Matos, por exemplo, contou como funciona a educação na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, onde é Professor Associado.

Também contribuíram com a discussão Carlos Augusto Real Martinez, Professor Adjunto da Universidade São Francisco de Bragança Paulista (USF), e Raphael Raphe, Professor de Cirurgia da Faceres, escola médica em São José do Rio Preto. Além das matrizes curriculares, os acadêmicos discutiram um pouco sobre a situação dos alunos durante a pandemia.

Sobre este tema, José Luiz Gomes do Amaral lembrou das discussões que ocorrem na Escola Paulista de Medicina, onde é Professor Titular, para traçar um paralelo. “Sempre que um estudante vai ao exterior para um intercâmbio, pensamos que ele não vai aprender determinado conteúdo da grade. E ele não vai mesmo. Terá, porém, uma visão diferente da Medicina. E isso faz com que esses alunos tenham formação muito melhor, pois amplia a visão deles.”

Da mesma forma, apesar de todos os prejuízos e sofrimento, o presidente da APM acredita que é uma oportunidade única trabalhar e discutir Medicina nas condições atuais, em que muitas barreiras entre especialidades e profissões de Saúde estão sendo derrubadas. “Tenho a impressão de que médicos formados durante a pandemia de Covid-19 serão extremamente interessantes. Porém, interromper ou abreviar qualquer minuto da formação deve ser objeto de consideração muito grande”, finalizou Amaral, que também é membro honorário do CBC/SP.

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