O QUE DIZ A MIDIA

25/03/2021 - Queiroga promete imunizar 1 milhão por dia

No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 300 mil mortos pela covid-19, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que pretende acelerar a vacinação no País, saltando das atuais 300 mil aplicações para 1 milhão por dia.

Em sua primeira entrevista após assumir o cargo, ele demonstrou alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro e disse ser preciso evitar o lockdown, que inclui medidas como fechamento de escolas, comércio e restrições de circulação.

“Quem quer lockdown? Ninguém quer lockdown.” A meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia depende mais da chegada das doses do que da capacidade da rede pública. Em 2019, por exemplo, foram vacinadas 5,5 milhões de pessoas contra a gripe no “dia D”, feito em maio. Já em 2010 a campanha de vacinação contra a H1N1 vacinou 81 milhões de pessoas em 3 meses. A expectativa do Ministério da Saúde é receber 38 milhões de unidades de imunizantes contra a covid-19 no mês que vem.

Ao se opor a um lockdown nacional, Queiroga disse que uma comissão formada por representantes dos Estados e Congresso vai discutir “políticas de distanciamento social que sejam adequadas”. “O que nós temos, do ponto de vista prático, é adotar medidas sanitárias eficientes que evitem lockdown. Até porque a população não adere a lockdown”, afirmou.

Bolsonaro tem feito críticas a medidas mais rígidas para evitar a propagação do vírus, como lockdown e toques de recolher, e chegou a ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal contra restrições adotadas em três Estados.
Em boletim extraordinário do Observatório covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta terça, pesquisadores falam em “crise humanitária”e pedem adoção imediata de lockdown por pelo menos 14 dias. Segundo a instituição, essa seria a forma de reduzir o ritmo de transmissão da doença e aliviar a pressão nos hospitais.

O médico também evitou críticas a bandeiras do governo Bolsonaro, como o tratamento precoce com o uso de medicamentos sem eficácia, como a cloroquina. Ele afirmou que o uso dos remédios deve ser discutido entre médicos e pacientes.
“Temos de olhar para a frente.” Ele confirmou que vai substituir militares de cargos estratégicos da Saúde. O médico disse que terá liberdade para montar a sua equipe.

Para o cargo de secretário executivo, o “número 2” da pasta, será nomeado o engenheiro Rodrigo Otávio da Cruz. O posto hoje é ocupado pelo coronel da reserva Élcio Franco. Já o médico Sérgio Yoshimasa assumirá a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes), comandada atualmente pelo coronel Franco Duarte. A área lida com o envio de recursos e insumos a hospitais em todo o País.
Secretaria. O novo ministro também disse que vai criar uma secretaria para tratar apenas de assuntos relativos à covid-19.

Ele afirmou que a pasta terá um núcleo para avaliar protocolos do tratamento da doença, liderado pelo professor Carlos Carvalho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Questionado sobre o que fará de diferente do seu antecessor, Eduardo Pazuello, na Saúde, o cardiologista se esquivou. “Vocês vão perceber ao longo do tempo.”

Queiroga assume o cargo no momento em que a pandemia está descontrolada. Além disso, Bolsonaro está sob forte pressão e tenta dar sinais de que não é negacionista, ao passar a usar máscara e defender a vacinação.O presidente, porém, ainda defende tratamentos sem eficácia e rejeita a adoção de medidas mais rígidas para evitar a circulação do vírus.

Fonte: O Estado de S.Paulo