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17/06/2021 - Remédio da Pfizer reduz em 37% risco de morte, diz estudo
Pesquisa realizada pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, vinculado ao Hospital Israelita Albert Einstein, revela que a administração do medicamento tofacitinibe reduz em 37% o risco de morte e de falência respiratória em pacientes hospitalizados por causa da Covid-19.
Comercializado como Xeljanz, o remédio hoje é indicado para o tratamento de artrite reumatoide, artrite psoriásica e retocolite ulcerativa.
O estudo desenvolvido pelo Einstein em parceria com a Pfizer, farmacêutica que produz o tofacitinibe, foi realizado junto a 289 pacientes adultos internados em 15 centros de tratamento de todo o país.
Os resultados demonstraram menor incidência de óbitos ou falência respiratória por causa do novo coronavírus entre pacientes que receberam o fármaco (18.1%) em comparação aos que receberam o placebo (29.0%). A pesquisa observou os participantes por 28 dias e administrou o tofacitinibe por via oral.
Considerado padrão-ouro (randomizado, duplo-cego e com grupo controle), o estudo foi publicado nesta quarta-feira (16) na revista médica The New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas internacionalmente. Foi realizado no Brasil pela Academic Research Organization (ARO) do Einstein, em parceria com a Pfizer global.
O médico e coordenador do estudo, Otavio Berwanger, diz que o tofacitinibe foi administrado no segundo estágio da evolução da Covid-19. Ele sucede a manifestação dos primeiros sintomas e ocorre quando o sistema imunológico começa a produzir uma resposta inflamatória exacerbada —é neste ponto em que órgãos como o pulmão e os rins são lesionados.
“O sistema imune é ativado ao entrar em contato com o vírus. Só que, em alguns pacientes, essa ativação vai além da conta. É aí que a gente tem uma ‘tempestade inflamatória’”, explica. “O tofacitinibe age modulando seu sistema imunológico para prevenir que você faça essa tempestade. No momento apropriado, evita lesão do pulmão, mas principalmente a falência respiratória [quando há necessidade de ventilação mecânica] e óbitos”, segue.
Ele diz que o medicamento só foi usado após a internação dos pacientes. E que todos haviam recebido o diagnóstico de infecção pelo coronavírus por meio do RT-PCR e apresentavam pneumonia em decorrência Covid-19, identificada em exames de imagem.
Os testes com o tofacitinibe foram conciliados com corticoides, ou seja, não interferiram no tratamento padrão já adotado pelos hospitais.
Os eventos adversos observados nos que receberam o medicamento foram similares aos dos que tomaram placebo, o que faz com que seu uso seja considerado seguro.
“Não é cura, não é bala de prata, não é o que vai resolver tudo. Soluções mágicas não encontram respaldo na ciência. Mas 37% de redução no contexto que a gente está é muito importante”, comemora o médico Otavio Berwanger. “É um paciente que sai mais cedo do hospital, uma família que não perde um ente, é um leito de UTI desocupado, um paciente que pode ser devolvido para a sociedade recuperado.”
Berwanger destaca que o estudo não avaliou a resposta do tofacitinibe em casos leves ou graves. “Essas outras perguntas precisariam de um tamanho de amostra [número de pacientes estudados] diferente. É muito bemvindo que outros grupos façam esses testes”, segue.
O Xeljanz é considerado um medicamento de alto custo e é disponibilizado pelo SUS. A Pfizer não abre valores, mas ele pode ser encontrado em farmácias por preços superiores a R$ 5 mil.
Fonte: Folha de S.Paulo