O QUE DIZ A MÍDIA
03/06/2021 - Ritmo de vacinação contra Covid no país cai 16% em maio.
O ritmo de vacinação no Brasil caiu. mostram dados coletados pelo consórcio de veículos de imprensa que monitora a situação da Covid-19 no país, e do qual O GLOBO faz parte. Em maio, foi registrada uma diminuição de 4,1 milhões de doses aplicadas em relação ao mês anterior, o que representa queda de 16% na imunização da população.
Segundo especialistas, a retração no ritmo tem várias causas: poucas opções de vacinas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde; falta de matéria-prima, que resultou em paralisação da aplicação de segunda dose em mais de mil municípios; ausência de estratégias para elevar o compareci- mento da população para completar o esquema vacinai; e entraves burocráticos relacionados à vacinação das pessoas com comorbidades recentemente incluída, desde a definição das doenças contempladas á dificuldade do cidadão para obter atestados e laudos. Ao contrário do que prometeu o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de ao menos um milhão de vacinados por dia no país, a média de maio foi cie 662 mil doses diárias, ante 821 mil de abril. Somente em três dias no mês passado o número superou um milhão.
De acordo com os dados coletados pelo consórcio, abril fechou com cerca de 24,6 milhões de doses aplicadas, lá maio registrou 20,5 milhões. A redução significativa ocorreu no montante aplicado como segunda dose: de 10,5 milhões para 6,5 milhões.
A base de dados do ministério também sinaliza uma redução de cerca de 22% no ritmo da vacinação, ao registrar 16.2 milhões de doses aplicadas em maio. Há, no painel da pasta, a indicação de um estoque de cerca de 4 milhões de aplicações ao longo da campanha que ainda serão inseridas na base nacional de dados.
Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Irmã de Godoy lembra que, além da falta de insumos para a produção das duas vacinas mais aplicadas no Brasil (CoronaVac e AstraZeneca/Fiocruz), inclui uma orientação anterior da pasta que pode ter agravado a falta de imunizantes na ponta: de que os municípios não precisariam guardar vacina para a segunda dose. No fim de abril, diante da iminência de falta de doses de reforço. a pasta voltou a recomendar o estoque do produto.
'FALTA FLUXO REGULAR'
Mauro Junqueira, secretário- executivo do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems), também aponta as dificuldades em tomo da segunda dose como a principal causa da queda na imunização:
— A adesão à segunda dose é sempre mais difícil, mas os gestores não podem, diante da baixa procura, usar o imunizante como primeira dose para acelerar a imunização de outros grupos. Isso só será possível com um fluxo regular de entregas.
Questionado sobre a redução de doses, o Ministério da Saúde disse que “não mede esforços para ampliar a vacinação em todo país” e afirmou que bateu recorde no mês passado, com mais de 33 milhões
de doses distribuídas.
Ontem, porém, a pasta reduziu cm 3,9 milhões de doses a previsão de entregas de vacinas em junho. Até a semana passada, o governo contava com cerca de 43,8 milhões de doses para este mês, mas o número foi atualizado ontem para 39,8 milhões.
1 louve queda na previsão de recebimento da CoronaVac, feita pelo Instituto Butantan, de 6 milhões para 5 milhões. Doses da vacina feita AstraZeneca/Fiocruz também tiveram redução, de 20,9 milhões para 18 milhões. Nos dois casos, o Ministério da Saúde informa, no cronograma atualizado, que os quantitativos dependem de confirmação dos laboratórios considerando o recebimento do ingrediente farmacêutico ativo (1FA).
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reduziu também a previsão de entrega de vacinas no segundo semestre, de 110 milhões para 100 milhões de doses. Anteriormente, a estimativa era que o total fosse produzido com 1FA nacional. Agora, a projeção é que sejam entregues 50 milhões de imunizantes com produção 100% nacional e mais 50 milhões com insumo importado, que é negociado.
A informação foi divulgada por Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, e por Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, em entrevista coletiva à imprensa ontem.
Zuma disse que provavelmente será possível produzir mais de 50 milhões de doses com o 1FA nacional até o fim do ano, mas “dificilmente"
será possível entregar além dessa quantidade.
Scgundo Trindade, a projeção anterior de 110 milhões de doses com produção 100% nacional foi feita a partir de dados disponíveis antes mesmo da vacina da Oxford/ AstraZeneca ser aprovada. Trindade afirmou, ainda, que há possibilidade de um hiato nas entregas nos meses de agosto e setembro.
A Fiocruz recebeu ontem dois bancos, um de células e um de vírus, para a produção do 1FA. Os dois componentes são a base do insumo. Com isso, o Brasil poderá produzir o imunizante sem depender da importação do IFA da China. A previsão é que as primeiras doses da vacina “totalmente nacional” sejam entregues em outubro.
Fonte: O Globo