SAÚDE E SOCIEDADE
06/07/2021 - Saúde na imprensa 06/07/2021
Brasil pode ter apagão de dados sobre fatores de risco para a saúde
O Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) 2020, uma das pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde para colher informações sobre a saúde da população, incluindo consumo de bebidas alcóolicas e de cigarro, não foi divulgado até agora. Tampouco foi fechado contrato para a pesquisa de 2021 até o momento. A pesquisa, criada em 2006, tem como objetivo indicar os principais fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (NCDs, na sigla em inglês) a partir do perfil da população brasileira nos 26 estados e no Distrito Federal, traçado por meio de entrevistas telefônicas. Sua relevância é, principalmente, na formulação de políticas públicas de combate ao tabagismo, ao consumo excessivo de álcool, à falta de atividade física e à desnutrição, além de ajudar a avaliar o avanço do país no Plano de Ações Global para a Prevenção e Controle das NCDs, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com a previsão de entrevistar mais de 27 mil pessoas até junho do ano passado, a última edição, cujos resultados ainda não foram divulgados, conseguiu ouvir apenas metade do esperado, de janeiro a abril, em um período em que a pandemia ainda estava no começo no país —sem refletir, assim, a mudança drástica comportamental dos brasileiros no último ano. Para Deborah Malta, pesquisadora e professora da Escola de Enfermagem da UFMG e ex-coordenadora do Vigitel de 2006 a 2015, a falta da pesquisa referente a 2020 deixa um vazio de informações de saúde da população no período da quarentena por parte do poder público. Ser portador de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, obesidade e hipertensão, é considerado um fator de risco para doenças infecciosas, como a Covid. Por essa razão, colher esses dados seria essencial até mesmo para a pasta programar e avaliar as medidas de prevenção nesse grupo para a condução da própria pandemia. Segundo apurou a Folha de S.Paulo nesta terça-feira (6), o Ministério da Saúde buscou um acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde, braço da OMS nas Américas) para realizar o Vigitel 2021, mas esse contrato ainda não foi firmado.
Anvisa autoriza testes clínicos da vacina anticovid da Sanofi no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta terça-feira (6), a realização de testes clínicos no Brasil da vacina contra a covid-19 do laboratório francês Sanofi Pasteur. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo o imunizante usa uma tecnologia de RNA mensageiro (RNAm) encapsulado dentro de uma nanoarticulação lipídica (LNP), assim como ocorre com as vacinas da Pfizer e da Moderna. A data de início dos testes ainda não foi informada. O estudo clínico será de fases 1 e 2 e deve reunir cerca de 150 voluntários com no mínimo 18 anos de idade. Os testes serão conduzidos em quatro Estados: Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Neste momento, o estudo prevê a aplicação de duas doses, com 21 dias de intervalo. O objetivo, segundo informações da Anvisa, é estudar três diferentes dosagens da vacina para definir a dose ideal antes de prosseguir para um estudo de fase 3. Além do Brasil, os testes de fases 1 e 2 também devem ser realizados em Estados Unidos, Honduras e Austrália. A candidata à vacina será fabricada pelas empresas Translate Bio, sediada nos Estados Unidos, pela Evonik Canada Inc., do Canadá, e pela Sanofi Pasteur, empresa com sede na França e nos Estados Unidos que patrocina o desenvolvimento clínico do imunizante. A autorização dos testes clínicos da vacina da Sanofi ocorre cerca de um mês depois de a Anvisa ter aprovado o início da pesquisa clínica da vacina Butanvac, com produção 100% brasileira.
Planos de saúde atingem maior volume de usuários desde julho de 2016
O setor de planos de saúde registrou em maio 48,1 milhões de usuários. Trata-se do maior volume desde julho de 2016, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Quando comparado a um ano antes, houve um incremento de 1,4 milhão de pessoas com o benefício. Segundo o Valor Econômico a principal razão para essa alta é a pandemia da covid-19. Mesmo com a alta do desemprego, a população manteve o plano de saúde. Entre os Estados, no comparativo com abril de 2020, o setor registrou aumento de beneficiários em planos de assistência médica em 23 regiões, sendo que São Paulo, Minas Gerais e Paraná foram os que tiveram os maiores ganhos. No segmento dental, 27,6 milhões de pessoas detinham convênio odontológico em maio deste ano, o que representa um aumento de 2,3 milhões de beneficiários quando comparado a um ano antes.
Em reunião do Conselho de Saúde Suplementar ministro pede soma de esforços para superar crise sanitária
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu o debate técnico e transparente, alinhado às boas práticas de regulação, destacou a Agência Saúde. Queiroga abriu a reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu) nesta segunda-feira (5) ressaltando que este é um dos mais importantes conselhos da República e tem a prerrogativa de estabelecer e supervisionar a execução de políticas e diretrizes gerais para esse setor. Durante a reunião, da qual também participaram os ministros da Economia; Justiça e Segurança Pública; e Casa Civil, além do presidente substituto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Queiroga abordou os pontos levantados pela consulta pública que trata da Política Nacional de Saúde Suplementar para o Enfrentamento da Covid-19 (PNSS-Covid-19). Queiroga defendeu a retomada das atividades do conselho e a necessidade de uma proposta de diretrizes gerais que visam discutir e monitorar vicissitudes prementes do setor. Dentre elas as questões concorrenciais em um setor altamente concentrado, no qual 25% dos usuários de planos de saúde são beneficiários de apenas quatro operadoras. Foram abordados, ainda, menos burocracia para o acesso a procedimentos relacionados à Covid-19; maior transparência dos critérios de reajuste, além da necessidade de maior harmonia entre as operadoras e os prestadores de serviços de saúde. Em relação à eventual quebra de autonomia da ANS foi ressaltado que o CONSU, através da PNSS-Covid-19, estabelecerá as diretrizes gerais, cabendo à ANS retornar com um cronograma de medidas regulatórias específicas, com prazos para implementação e estratégias de monitoramento e de avaliação, não havendo quaisquer sobreposições de competência. A proposta da PNSS-Covid-19 foi apreciada pelos presentes na reunião e agora segue para as consultorias jurídicas de cada um dos ministérios participantes. Após, retornará ao CONSU para aprovação; O Ministério da Saúde colocou em consulta pública, em 30 de abril deste ano, a medida que institui a Política Nacional de Saúde Suplementar para o Enfrentamento da Covid-19. Diante da necessidade de ampliar a participação popular, a pasta prorrogou por mais 15 dias a validade da consulta. Com isso, foram mais de 1,7 mil participações de mais de 100 instituições, a maioria da região Sudeste, onde vive grande parte da população brasileira e onde estão concentradas a maioria das empresas do setor e dos beneficiários. A saúde suplementar conta atualmente com 698 operadoras de planos privados em atividade e atende aproximadamente 48 milhões de pessoas.