SAÚDE E SOCIEDADE
08/06/2021 - Saúde na imprensa 08/06/2021
Não há evidência comprovada da eficácia da cloroquina contra coronavírus, diz Queiroga na CPI da Covid
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu na CPI da Covid nesta terça-feira (8) que a cloroquina não tem eficácia comprovada cientificamente no combate ao coronavírus. Há um mês, em seu primeiro depoimento, o ministro havia evitado se posicionar sobre a cloroquina - remédio defendido e promovido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde o início da pandemia. O ministro foi reconvocado à CPI porque, segundo os senadores, suas respostas no primeiro depoimento contiveram muitas contradições e não esclareceram os pontos investigados. Ele havia se recusado a responder diversas perguntas de maneira objetiva. Médico e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Queiroga é o quarto ministro à frente da pasta durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Queiroga afirmou que o uso da cloroquina "tem provocado grande divisão na classe médica". "A mim como ministro da saúde cabe harmonizar esse contexto para que tenhamos uma posição mais pacífica", disse Queiroga. "Eu entendo que essas discussões são mais laterais e pouco contribuem para acabar com o caráter pandêmico. O que vai colocar fim ao caráter pandêmico dessa doença é a vacinação", afirmou o ministro. A reportagem do G1 também destaca que, em seu segundo comparecimento à CPI, Queiroga foi cobrado pelo relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) sobre seu silêncio diante de falas do presidente da República. Na segunda-feira, Bolsonaro saiu à frente do Palácio da Alvorada sem máscara e disse, sem apresentar nenhuma prova, que "50% das mortes" por Covid não tiveram o vírus como motivo principal. Ele citou como fonte o Tribunal de Contas da União (TCU), que rebateu em nota dizendo que "não há informações em relatórios do tribunal que apontem que 'em torno de 50% dos óbitos por no ano passado não foram por covid', conforme afirmação do presidente Jair Bolsonaro". "Eu sou ministro da Saúde, não sou censor do presidente", afirmou Queiroga na CPI. "As orientações estão postas, cabe a todos seguir." Queiroga afirmou que "procura fazer a sua parte" e promoveu uma "mudança de rumo" em sua gestão, ampliando a vacinação e a recomendação de medidas não farmacológicas. Questionado se orienta o presidente sobre as mesmas medidas, Queiroga afirmou que "evidentemente que sim" e que, quando está com ele, Bolsonaro "na maioria das vezes está de máscara".
Baixa procura por vacinas contra diversas doenças acende alerta entre médicos
As vacinas proporcionaram o controle de epidemias e a erradicação de doença e são consideradas grandes vitórias da medicina e da ciência. "Foi através de extensos programas de vacinação que erradicamos do planeta a varíola, eliminamos de vários continentes a pólio, controlamos o sarampo, a difteria, a coqueluche e o tétano", afirma o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). De acordo com a Folha de S.Paulo celebrado em 9 de junho, o Dia Nacional da Imunização tem por objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância das vacinas para o bem de toda a coletividade. E, neste ano, com o avanço da Covid-19 e a queda na cobertura vacinal contra inúmeras doenças, ressaltar a importância da imunização é ainda mais urgente. Isso porque o próprio sucesso das vacinas, afirma Kfouri, pode levar a perda da percepção do quanto elas são necessárias em termos de saúde individual e coletiva. "A lista de doenças controladas ou erradicadas é enorme. Não vemos mais essas doenças acontecendo, e esse é o pano de fundo atrás do medo de se vacinar e das 'fake news'. Esse é um desafio que a vacinação enfrenta: continuar vacinando mesmo sem casos das doenças", diz. Considerada a mais séria de todas as doenças infecciosas2, a varíola matava de 25% a 30% das pessoas infectadas e, para combatê-la, foi desenvolvida a primeira vacina da história, em 1796. No entanto, na década de 1960, a varíola ainda era responsável por 3 milhões de mortes anuais no mundo. No Brasil, a imunização começou em 1804, mas a doença só foi erradicada em 1971, após uma campanha massiva realizada a partir de 1966. Os dois séculos entre a invenção da vacina e a erradicação da varíola têm relação direta com o aumento da cobertura vacinal. Segundo Kfouri, quanto mais indivíduos vacinados, mais difícil fica para um vírus ou uma bactéria continuar circulando. É isso que faz com que as doenças acabem sendo controladas e até mesmo erradicadas. Não é de hoje que a cobertura vacinal no país desenha uma preocupante curva descendente. Dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações da base DataSus, do Ministério da Saúde, apontam queda acentuada na vacinação indicada para combater a Hepatite B. Outro dado que chama a atenção é a taxa de abandono, quando a pessoa não toma todas as doses necessárias previstas no calendário nacional de vacinação.
Comissão da Câmara aprova projeto que autoriza cultivo de maconha para fins medicinais
Por apenas um voto de diferença, foi aprovado na Comissão Especial da Câmara nesta terça-feira (8), o projeto de lei que autoriza o cultivo de maconha no Brasil para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais, informou o jornal O Estado de S.Paulo. Com a bancada bolsonarista se opondo fortemente à proposta, a votação terminou empatada em 17 a 17. O desempate acabou sendo feito pelo voto do relator do texto, deputado Luciano Ducci (PSB-PR), como prevê o regimento da Casa. Agora, o projeto segue para a discussão no plenário da Câmara. Aprovado na forma do substitutivo apresentado pelo relator Luciano Ducci ao texto original do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE) e de um apensado, o projeto legaliza o cultivo da cannabis, mas impõe restrições. Como não há previsão para cultivo individual, o plantio somente poderá ser feito por empresas, associações de pacientes ou organizações não governamentais. Ou seja, pessoas jurídicas. Além disso, seguem proibidos cigarros, chás e outros itens derivados da planta. A bancada governista planeja, agora, pressionar politicamente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que a proposta demore a ser colocada em pauta. Se isso não for possível, tentarão ganhar tempo para buscar a formação de maioria para derrubar ou alterar o projeto. Em 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já tinha barrado a liberação do plantio com finalidade medicinal. Na época, ainda como diretor da agência, o atual presidente da Anvisa, almirante Antônio Barra Torres, relatou a proposta. Ele autorizou a importação dos remédios feitos com base na cannabis, mas derrubou a autorização para o plantio. Muito próximo ao presidente Jair Bolsonaro, acabou nomeado como presidente da Anvisa. Ele justificou seu voto, na ocasião, argumentando que a decisão sobre o assunto não podia ser tomada por uma agência reguladora, mas sim pelo Congresso. O uso da cannabis com fins medicinais tem sido feito, por exemplo, nos tratamentos para Alzheimer, Parkinson, epilepsia, câncer, dores e convulsões, entre outros. O deputado Alex Manente (Cidadania-SP) lembrou, na sessão, que alguns desses medicamentos têm preço variando entre R$ 2 mil a R$ 3 mil. E que o projeto deverá proporcionar uma redução ampla desse custo. Com a liberação do plantio para fins medicinais avançando sua tramitação no Congresso, a avaliação dos parlamentares defensores do projeto é que se joga mais ciência em torno desse tema. E que isso poderá impedir a repetição do que ocorreu no início do ano, quando a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) teve suspensa sua autorização para cultivar maconha e produzir medicamentos para cerca de 14 mil pacientes para o tratamento de Alzheimer, epilepsia, autismo e Parkinson. Responsável pela suspensão, o desembargador Cid Marconi, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) acabou recuando da medida, depois de acompanhar o trabalho feito pela Abrace.
Número de usuários de planos de saúde subiu mais de 1 milhão em um ano
Os planos de saúde médico-hospitalares registraram, entre abril de 2020 e abril de 2021, um incremento de 1,05 milhão no total de usuários no país. Trata-se de um avanço de 2,2% no período, destacou a Agência Brasil. Com esse crescimento, o Brasil alcançou 48,1 milhões de usuários. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), é o maior número registrado desde julho de 2016. Atualmente, 737 operadoras estão em atividade e cerca de 19 mil planos estão ativos. Os dados constam em informe da ANS divulgado nesta segunda-feira (7), com os números do setor relativos à abril. As informações completas também estão disponíveis na sala de situação, ferramenta de consulta atrelada ao portal da instituição. Em números absolutos, os maiores ganhos de beneficiários foram registrados nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Considerando apenas o mês de abril, houve um incremento de 150,6 mil usuários em todo o país na comparação com março. Também foi registrado avanço na cobertura de planos exclusivamente odontológicos. Entre abril de 2020 e abril de 2021, houve um crescimento de 7,5%. O número atual de beneficiários desses planos é de 27,6 milhões.