SAÚDE E SOCIEDADE

23/06/2021 - Saúde na imprensa 23/06/2021

Ministério da Saúde diz que ainda não pagou R$ 1,6 bi à Precisa por Covaxin

O Ministério da Saúde afirmou, em nota, nesta quarta-feira (23), que o valor de R$ 1,6 bilhão do contrato para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana para covid-19 Covaxin ainda não foi pago. Segundo a pasta, “não foi feito qualquer pagamento de vacinas da Covaxin e o processo ainda está em análise na consultoria jurídica”. No dia 16 de junho, a Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) pediu a abertura de uma investigação criminal sobre o contrato fechado com a empresa Precisa Medicamentos para a aquisição do imunizante. De acordo com o Valor Econômico o pedido foi feito pela procuradora Luciana Loureiro, no âmbito do inquérito que apura a conduta do ex-ministro Eduardo Pazuello à frente da pasta e o incentivo do governo ao uso da cloroquina, medicamento ineficaz no combate à doença. O Ministério Público Federal (MPF) apontou indícios que levariam à necessidade de investigação, como o alto preço de cada dose, que custou US$ 15, valor superior ao de outras vacinas no mercado internacional, como a da Pfizer. O MPF também disse ter apurado que uma das sócias da Precisa é a Global Saúde, uma empresa que, há pouco mais de três anos, fechou um negócio para venda de medicamentos ao Ministério da Saúde, mas não os entregou, causando prejuízo de mais de R$ 20 milhões aos cofres públicos. O fato desencadeou uma ação de improbidade administrativa contra o então ministro da Saúde, deputado Ricardo Barros (PP-PR), hoje líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara. No despacho, o MPF apontou ainda que o prazo inicial para a entrega das primeiras doses já terminou e que nenhum lote chegou ao Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a importação da Covaxin no dia 4, mas com uma série de restrições. Em nota, a Precisa disse desconhecer “oficialmente” a investigação. Também defendeu que as tratativas com o Ministério da Saúde “seguiram todos os caminhos formais e foram realizadas de forma transparente junto aos departamentos responsáveis do órgão federal”. Sobre o preço das doses, disse que foi o mesmo praticado em outros 13 países que também compraram o imunizante. 

Ministro da Saúde se irrita ao ser perguntado sobre Covaxin  

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, irritou-se nesta quarta-feira (23) ao ser questionado se o governo mantém a intenção de comprar a vacina indiana Covaxin, cuja aquisição está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPFF) e pela CPI da Covid. Queiroga ressaltou que o ministério ainda não comprou nenhuma dose, mas não quis responder se irá adquirir pelo mesmo preço negociado, destacou o jornal O Globo. “Todas as vacinas que têm registro, definitivo ou emergencial, o ministério considera para aquisições. Então esperamos esse tipo de posicionamento para tomar uma posição acerca não só dessa vacina, mas de qualquer outra vacina que obtenha registro emergencial ou definitivo na Anvisa”, disse Queiroga inicialmente, após cerimônia no Palácio do Planalto, ressaltando que ainda não há registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Depois, ao ser questionado sobre se o governo irá comprar a vacina, o ministro demonstrou incômodo e disse que havia falado "português". “Eu falei em que idioma? Eu falei português. Não foi comprada uma dose sequer da vacina Covaxin nem da Sputnik”. Após insistência sobre a intenção de comprar o imunizante no futuro, Queiroga disse que não poderia falar sobre isso e abandonou a entrevista: “Futuro é futuro”. O MPF identificou indícios de crime na compra feita pelo Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da Covaxin e vai investigar o caso também na esfera criminal — até então, ele vinha sendo apurado em um inquérito na área cível.  

Para Mourão, grande erro do governo Bolsonaro na pandemia foi falta de orientação à população  

O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta terça-feira (22) em entrevista à GloboNews que o governo Bolsonaro errou ao não realizar uma campanha de comunicação firme para orientar a população desde o início da pandemia da Covid-19. Segundo a Folha de S.Paulo o Brasil registrou 2.080 mortes por Covid-19 e 86.833 casos da doença, nesta terça-feira. Com isso, o país chega a 504.897 óbitos pela doença e a 18.056.639 pessoas contaminadas pelo Sars-CoV-2. Na entrevista, Mourão não negou uma conversa que teria tido com o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, em que teria criticado o colega de farda por não ter ido para a reserva ao ocupar um cargo político no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Apesar de lembrar que a conversa foi entre os dois e que não é ético revelar o teor, o vice-presidente afirmou que Pazuello deveria ter compreendido sua função política. "Esse foi o grande erro", afirmou. Ele citou campanhas de vacinação realizadas em outras épocas e disse que a população deveria ter sido orientada sobre a realidade da doença. "Isso teria sido um trabalho eficiente do nosso governo." "Ele já tinha atingido o patamar mais elevado no Exército e era hora de passar para a reserva. Ele teria mais liberdade de manobra para trabalhar", disse. Mourão pediu para que seja compreendido que "Pazuello não é o Exército nem o Exército é o Pazuello, apesar dele ser um militar". Na análise dele, o fato de o general ter sido ministro da Saúde não significa uma intervenção do Exército no órgão. Ele comparou a situação à intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro, em 2018. "O Exército não foi escalado para controlar o Ministério da Saúde. O presidente escolheu o Pazuello, que casualmente levou 10, 12 doze militares para trabalhar com ele", disse. Para o vice-presidente, isso é diferente da intervenção no Rio, quando o então presidente Michel Temer (PMDB) designou o Exército para intervir na segurança pública. Durante a entrevista, Mourão tentou ser compreensivo com os acessos de fúria de Bolsonaro, dizendo que o presidente é o homem mais criticado na história do país e, às vezes, fica irritado por isso. 

Cerca de 60% desconhecem vacinação ampliada para doenças crônicas 

Seis em cada dez brasileiros não sabem que pessoas com doenças crônicas têm calendários de vacinação ampliados e com indicações específicas, e 76% nunca ouviram falar dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), onde esses imunizantes são disponibilizados gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), informou a Agência Brasil.  Os dados fazem parte de um estudo encomendo pela empresa farmacêutica Pfizer divulgado nesta terça-feira (22) e aponta que nem os profissionais de saúde têm dado atenção ao tema: 68% daqueles que têm alguma doença crônica afirmam nunca ter recebido orientação profissional para procurar a vacinação. A pesquisa foi feita pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) com 2 mil pessoas na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba. Entre os principais dados levantados está o de que apenas 30% dos pacientes em tratamento de doenças crônicas receberam recomendação médica para se vacinar. Para 3%, a recomendação veio de outro profissional de saúde, e 10% obtiveram a informação por meio da imprensa ou das redes sociais. Com isso, a maioria dos entrevistados (58%) nunca obteve a informação de que deveria procurar um CRIE para imunização. A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabela Ballalai, avalia que falta na formação de muitos médicos e profissionais de saúde informações sobre as vacinas e os calendários disponíveis. Sem estar capacitados, eles não recomendam as doses necessárias a seus pacientes. Ela exemplifica que pessoas com HIV, que são acompanhadas por infectologistas, recebem essa recomendação com mais frequência, já que a especialidade de seus médicos tem mais familiaridade com a imunização. Já entre os cardiopatas, acompanhados por cardiologistas, a recomendação é menos comum. A SBIm disponibiliza, na internet, calendários com vacinas recomendadas para pacientes com doenças crônicas. Isabela Ballalai citou uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) que aponta que o médico é a principal influência positiva para a imunização: quando o paciente não está informado sobre a vacina, mas recebe recomendação médica, a chance de se vacinar chega a 70%. Já quando ele está interessado e não recebe a recomendação, esse percentual cai para 8%. Quando ambos têm postura positiva, as chances sobem para 90%.