SAÚDE E SOCIEDADE

25/01/2022 - Saúde na imprensa 25/01/2022

Ministério da Saúde edita nota técnica que defendia hidroxicloroquina e retira tabela antivacina

O Ministério da Saúde editou nota técnica usada para embasar veto a protocolo contra o Kit Covid e retirou do texto a tabela que comparava vacina com hidroxicloroquina. Segundo o Valor Econômico, o documento havia gerado reação na área científica por afirmar que vacinas não têm efetividade e segurança contra covid-19, mas hidroxicloroquina, cuja ineficácia é comprovada, tem. Uma nova versão da nota, assinada pelo secretário Hélio Angotti Neto na noite de segunda-feira (24), retirou a tabela que trazia a comparação entre as tecnologias. No item 4.17 que fala sobre ’Assimetria no rigor científico dedicado a diferentes tecnologias’, o secretário manteve, no entanto, menção ao requerimento que coloca a vacina como uma tecnologia sem efetividade e segurança comprovadas, com alto custo e financiada pela indústria. O requerimento traz afirmações opostas no caso da hidroxicloroquina. Pesquisadores que atuaram na elaboração do protocolo, liderados pelo pneumologista da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Carvalho, entrarão com recurso contra a decisão de Angotti. Assim, o tema deve chegar ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que tome decisão final.

TRATAMENTO 

Ministro diz que cloroquina não tem eficácia comprovada após Saúde defender remédio

Ao contrário do que diz uma portaria do Ministério da Saúde, o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, afirmou que a hidroxicloroquina não possui eficácia comprovada contra a covid-19, informou o Correio Braziliense. A declaração vai na direção oposta do que afirma a portaria assinada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos da pasta, Hélio Angotti Neto. O documento diz que há efetividade e segurança no uso de hidroxicloroquina no tratamento contra a doença, hipótese amplamente discutida e descartada pela comunidade científica. O próprio ministro da Saúde reconhece isso. ’Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, era chamado de uso compassivo, todos usaram. Posteriormente, viu-se que nessas situações essa medicação não era mais aplicável e foi testada em outros contextos, né? Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cuja evidência científica da sua eficácia ainda não está comprovada’, disse em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, nessa segunda-feira (24/1).  Queiroga ainda ressaltou, durante a entrevista, que cabe recurso contra a decisão tomada pelo secretário de Ciência e Tecnologia, que na prática não descarta o uso da hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus. O Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB) pediu ontem ao ministro da Saúde a anulação da portaria. A Associação Médica Brasileira (AMB) explicou que não existem mais dúvidas científicas sobre a não eficácia de hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina e outros medicamentos no tratamento da covid-19.        

PREOCUPAÇÃO 

Importadores de produto de saúde relatam atraso na Receita

A Abraidi (associação que reúne importadores de produtos para saúde) afirma que a operação-padrão iniciada na Receita Federal levanta preocupação nas empresas do setor, informou a Folha de S. Paulo. Segundo a entidade, 37% dos associados relatam atrasos em liberação, anuência ou inspeção de mercadoria importada. O clima é de alerta, segundo a associação. Bruno Bezerra, diretor-executivo da Abraidi, diz que a carga parada aumenta o custo de armazenagem, elevando outras pressões que apertam as margens, como a alta do dólar e custo logístico, além da redução dos procedimentos eletivos por causa da pandemia. A briga por reajustes salariais começou no fim de dezembro, após Bolsonaro acenar com aumentos apenas para policiais federais. Os auditores fiscais da Receita Federal foram os primeiros a reagir, com a entrega de cargos comissionados e o início da operação-padrão, que já afeta alguns portos e fronteiras.

ABUSO 

Governo notifica 14 grupos de farmácias e laboratórios sobre alta nos preços de testes de covid-19

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, notificou 14 entre os maiores grupos do mercado de farmácias e laboratórios do país a prestarem esclarecimentos sobre o aumento de preços dos testes para detecção de covid-19, informou o Valor Econômico. As empresas têm sete dias para responder questões como a demanda média de testes dos últimos meses; o preço médio praticado; apresentar justificativas de aumento de preços, relatas se há dificuldade na obtenção de insumos. A partir dessas informações a Senacon vai verificar se há condutas no mercado que possam ser enquadradas como abusivas. Procons de vários estados, incluindo Rio e São Paulo, já notificaram companhias do setor, diante do significativo aumento de preços dos exames. A ação da secretaria busca agora ver a repercussão nacional desses casos e a necessidade de instauração de preços e até aplicação de sanções. Caso sejam identificados indícios de abuso será instaurado um processo sancionatório por empresa.