SAÚDE E SOCIEDADE
28/05/2021 - Saúde na imprensa 28/05/2021
Ministério da Saúde define ordem de vacinação contra covid de profissionais da educação
Em nota técnica, o Ministério da Saúde definiu a ordem prioritária para vacinação contra a covid-19 de profissionais da educação e orientou a antecipar a imunização do grupo no Brasil, informou o jornal O Estado de S.Paulo nesta sexta-feira (28). Segundo o documento, a distribuição de doses para esses funcionários deve acontecer em paralelo à vacinação de pessoas com comorbidade ou deficiência permanente, em situação de rua, população carcerária e trabalhadores do sistema prisional. A nota técnica do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) foi publicada após reunião na quinta-feira, 27. Conforme o documento, a imunização de profissionais da educação segue o critério de prioridade para funcionários envolvidos com estudantes mais jovens. Dessa forma, são os primeiros da fila: profissionais de creches, pré-escolas, ensino fundamental, ensino médio, profissionalizantes e Educação para Jovens e Adultos (EJA). Em seguida, vêm trabalhadores do ensino superior. Segundo o Ministério da Saúde, a expectativa é finalizar a imunização de idosos e grupos de maior risco no País em junho, o que permitiria antecipar o atendimento a profissionais da educação. A pasta também argumenta que estimativas sobre grupos populacionais com comorbidade estariam imprecisas e, em alguns lugares, superestimadas. Um total de 96,1 milhões de doses contra a covid-19 foram distribuídas até o momento, de acordo com o ministério. Com a remessa mais recente, estariam contemplados 46,8% das pessoas com comorbidades ou deficiência permanente e 38,6% dos profissionais das forças armadas, de segurança ou de salvamento envolvidos em ações contra o coronavírus, segundo o ministério. Também seria suficiente para atender 78% dos trabalhadores do transporte aéreo. As novas recomendações também permitem que Estados e municípios vacinem a população geral, de 18 a 59 anos, em ordem decrescente de idade, caso já tenham atendido todos os grupos de maior vulnerabilidade e os profissionais da educação. A imunização pode acontecer ao mesmo tempo que os demais trabalhadores essenciais, desde que fique garantido o porcentual necessário para os grupos prioritários, segundo o ministério. A campanha de vacinação no Brasil contra a covid-19 começou em 18 de janeiro de 2021. O Plano Nacional de Imunização (PNI) orienta que as vacinas sejam disponibilizadas por faixa etária com intervalos de cinco anos. No entanto, Estados e municípios podem definir o cronograma, com agendamento ou não para que a vacina seja dada, conforme a disponibilidade de imunizações.
Remédios antivirais avançam e drogas específicas contra a Covid-19 ganham terreno em testes clínicos
Após um ano e meio de pesquisa, finalmente as primeiras drogas antivirais desenvolvidas especificamente para a Covid-19 começam a atingir os testes clínicos. Apesar de vacinas terem avançado em tempo recorde, ainda não existe uma pílula simples capaz de atacar o coronavírus indicada para pacientes não internados, destacou o jornal O Globo nesta sexta-feira (28). Uma droga sintética conseguiu agora, porém, entrar em testes de eficácia em humanos, e outras duas estão prestes a seguir pelo mesmo caminho. Um dos problemas para a busca de medicamentos contra o Sars-CoV-2 é que as tentativas de reaproveitar drogas já existentes, o atalho mais rápido, surtiram pouco efeito. Antivirais que já existiam para combater outros patógenos tiveram resultado ruim, e cientistas tiveram que começar a projetar drogas a partir do zero. Na última semana, a empresa de biotecnologia Molecular Partners anunciou que seu fármaco antiviral desenvolvido especificamente para Covid-19 entra em fase 2 de pesquisa, onde é feita uma avaliação preliminar de eficácia em humanos. Algumas drogas ainda em fase de pesquisa pré-clínica (em animais ou tubo de ensaio) também já anunciam intenção de seguir em frente com humanos. Duas delas, da classe dos diABZIs (diaminobenzimidazóis), tiveram bons resultados relatados após testes com camundongos. As iniciativas partiram de dois grupos americanos diferentes, um deles da Universidade de Massachusetts com a farmacêutica GSK, outro da Universidade da Pensilvânia com os NIH (Institutos Nacionais de Saúde). As pesquisas ganharam destaque na revista Science. Até agora, a maior parte dos tratamentos antivirais criados para Covid-19 que conseguiram avançar são baseados em anticorpos monoclonais. Eles envolvem a produção em massa desses agentes do sistema imune humano e são considerados "biofármacos", não drogas convencionais. Essa abordagem, que ficou famosa com o tratamento da empresa Regeneron usado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump, infelizmente ainda é cara e de difícil aplicação, em geral na forma de soro intravenoso. A criação de uma droga sintética barata ainda está no campo da promessa, mas as três que despontam no horizonte já se qualificam para isso. A droga da Molecular Partners é só a primeira desenvolvida especificamente para Covid-19 a entrar em testes humanos, e outras como as diABZIs devem entrar no jogo também, dizem os cientistas.
Anvisa dá autorização para que a vacina da Pfizer seja armazenada em geladeira comum por até 31 dias
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quinta-feira (27), o armazenamento da vacina da Pfizer por até 31 dias em geladeira comum, entre 2ºC a 8ºC. Antes, o imunizante só poderia ser guardado nessa temperatura por até cinco dias. Isso deve facilitar a logística de entrega e aplicação das doses em cidades do interior. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo a agência regulatória dos Estados Unidos FDA (Food and Drug Administration) e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) já tinham dado o mesmo aval. O imunizante possui prazo de validade de seis meses quando armazenado em ultracongeladores a cerca de - 75°C. Dentro do prazo de validade, é também possível o armazenamento por um período único de até duas semanas a aproximadamente - 20ºC, e agora por até 31 dias em temperaturas de 2º a 8º C. As vacinas Coronavac e de Oxford/AstraZeneca já são armazenadas em geladeiras. “A mais recente autorização da Anvisa abre portas para ampliar a imunização contra a covid-19 com a vacina da Pfizer/BioNTech. É muito gratificante saber que os mais de 5,5 mil municípios brasileiros terão a possibilidade de receber a nossa vacina”, disse em nota Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil.
Câncer de mama: pandemia pode ter deixado 4 mil casos sem diagnóstico no Brasil, diz estudo
Entre as várias doenças cuja prevenção e tratamento foram afetadas pela pandemia de coronavírus, está o câncer mais numeroso em novos casos e mortes de mulheres no Brasil, depois do de pele não melanoma: o de mama. De acordo com o G1 uma das medidas mais importantes para a detecção precoce da doença, a mamografia para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, foi diretamente afetada pela pandemia, conforme mostra um levantamento recente, publicado em abril na Revista de Saúde Pública. O número de mamografias realizadas na rede pública nesta faixa etária diminuiu 42% em 2020 na comparação com o ano anterior, caindo de 1.948.471 em 2019 para 1.126.688 no ano em que a pandemia começou. A diferença de 800 mil exames não realizados no ano passado deve significar algo em torno de 4 mil casos de câncer de mama não diagnosticados em 2020, considerando estimativas da taxa de detecção da doença nas mamografias digitais (em média de 5 casos detectados para 1000 exames). "Isso representa uma sobrecarga em potencial da doença para os próximos anos", diz o estudo, assinado pela mastologista Jordana Bessa. A autora usou ainda informações do DATASUS para detalhar os números por estado e mês. Ainda que com algumas variações regionais, o volume de mamografias realizadas em 2020 caiu na maior parte do país, mostrando que se trata de um problema disseminado. "Em janeiro (o número de mamografias realizadas no país) começou razoavelmente bem, e aí em abril começou a ter uma queda muito grande. A queda foi amenizada em outubro, com a campanha Outubro Rosa, mas não chegou ao nível de antes" da pandemia, detalha Bessa, formada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e médica da Rede D'or São Luiz em São Paulo. O Ministério da Saúde recomenda que mulheres com idade entre 50 e 69 anos façam a chamada mamografia de rastreamento, um exame de rotina mesmo sem sintomas, a cada dois anos. Representando o ministério, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) explicou à BBC News Brasil que mesmo na pandemia as mamografias não foram suspensas e devem continuar sendo feitas, alinhadas a cuidados como uso de máscara e distanciamento social. Mesmo que o órgão e os entrevistados destaquem a importância da manutenção desta rotina, Jordana Bessa diz que não é o que está acontecendo na realidade.