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14/02/2022 - Saúde suplementar: megafusão de Notredame/Intermédica e Hapvida preocupa APM

Em janeiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a fusão entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e Notredame/Intermédica, após recomendação de prosseguimento da Superintendência Geral da autarquia.

Desta forma, a união cria uma operadora verticalizada com 14 milhões de usuários de planos de saúde e dental – ou seja, cerca de 18% do mercado. Antes da fusão, a Hapvida estava mais presente nas regiões Nordeste e Norte, enquanto a Notredame/Intermédica atuava, principalmente, no Sudeste.

Apesar da falta de objeção do Cade, este movimento preocupa os médicos por significar um crescimento da prática de verticalização, quando os planos de saúde oferecem aos pacientes apenas atendimentos e procedimentos com seus profissionais contratados e em hospitais próprios.

Para Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, o ponto central da verticalização é que a prática não visa melhorar o atendimento para o usuário. Pelo contrário, o objetivo é reduzir custos e aumentar a lucratividade. Não à toa, normalmente os médicos dessas empresas seguem protocolos internos rígidos, que privilegiam a rentabilidade do plano e a diminuição de sinistralidade e despesas.

“Outro ponto grave: o paciente não tem a opção de escolher seu médico. Ele fica à mercê dos profissionais que a operadora julga eficientes. Nesses casos, corre o risco de receber próteses ou medicamentos mais baratos em detrimento de outros mais caros e eficientes. Também ficam sujeitos a menor tempo de internação para diminuir custos hospitalares, entre outras limitações”, argumenta o médico.

Riscos à saúde
Segundo o diretor da APM, dados mostram que em casos tratados em sistemas verticalizados, há um aumento dos eventos prejudiciais pós-atitude médica. “Esses episódios são muito comuns. Vão desde reoperações até a tomada de novas condutas, pois a anterior não teve eficiência.”

Um exemplo dos riscos da verticalização foi demonstrado em nível nacional com o caso da Prevent Sênior, diz Marun Cury. “Aquilo custou a vida de muitos idosos, que receberam kits que visavam não sobrecarregar a rede da operadora, mandando o doente para casa sem usar a sua estrutura. A verticalização é, então, tremendamente nociva e não deveria ser autorizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. Permitindo, a ANS traz um grave prejuízo à população”, completa.

Com o acordo anunciado em janeiro, a junção das empresas tem ocorrido já neste mês de fevereiro. Além disso, segundo informações do jornal Valor Econômico, as companhias planejam continuar promovendo aquisições em suas praças de atuação nos próximos três anos.