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13/03/2020 - Sessão da Academia Nacional de Medicina discute contenção ao Coronavírus

Na última quinta-feira (12), a sessão da Academia Nacional de Medicina (ANM) discutiu medidas preventivas para conter o novo coronavírus (Covid-19). Alberto Chebabo, 2º secretário da Sociedade Brasileira de Infectologia, foi um dos palestrantes.

De acordo com ele, a configuração do coronavírus se classificava entre seis cepas, que até este ano eram conhecidas por causar resfriados comuns e síndromes gripais. A primeira prevalência da doença foi registrada em 2002, na China, se espalhando por alguns países vizinhos e começando a desaparecer a partir de 2003.

Em 2012, houve casos do coronavírus no Oriente Médio, causador de quadros mais graves que se alastraram por países asiáticos, mas em menor número. Já em dezembro de 2019, houve a descrição de um novo coronavírus, classificado como zoonótico e epidêmico, levando o nome SARS-CoV 2, ou COVID-19.

A transmissão ocorre de forma rápida e silenciosa, e uma pessoa infectada consegue passar a doença para mais duas ou três. “O novo coronavírus, na maior parte dos casos, causa doença leve ou assintomática, diferente das primeiras classificações da SARS, nas quais a maior parte dos casos eram detectados e encaminhados para hospitais. Assim, o COVID-19 é facilmente disseminável, o que significa que essas pessoas continuam transmitindo por mais tempo o vírus porque não descobrem que são portadoras, não são internadas, não evoluem para óbito e ficam com a disseminação mantida. Isso faz com que haja uma dificuldade muito grande de conter esse vírus”, explica Chebabo.

Diante de um cenário no qual o COVID-19 se alastra pelo mundo, é importante entender como os países de diferentes continentes estão lidando com a situação.

Na Coreia do Sul, por exemplo, apesar de uma evolução muito rápida de pacientes com o novo coronavírus, foi desenvolvida uma estratégia de realização de testes em todas as pessoas, em centros onde os pacientes poderiam efetuar exames. Com isso, o país conseguiu rapidamente detectar cerca de 180 mil pessoas com Covid-19, em casos leves e pouco sintomáticos, permitindo que as autoridades de Saúde conseguissem conter a epidemia identificando e isolando os casos confirmados.

No entanto, nem todos os países adotaram medidas protetivas contra o vírus e o infectologista explica o porquê de a situação ter se disseminado de forma devastadora em algumas regiões.

“Na Itália, ao contrário da Coreia do Sul, não houve detecção desse vírus e da sua circulação até que ele começasse a causar óbitos. Se a gente tem uma taxa de letalidade que varia de 1% a 2%, quando se tem óbitos certamente já existe um número muito grande de casos espalhados na comunidade. Isso aconteceu também no Irã e nos Estados Unidos”, complementa.

Brasil

Ainda segundo o secretário da SBI, por meio do acompanhamento da evolução da epidemia na Itália, é possível analisar como ocorreu a detecção em outros locais, como França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e também no Brasil.

“Estamos cerca de 11 ou 12 dias atrás desses países em relação aos casos do novo coronavírus, então conseguimos dimensionar o que vai acontecer com o Brasil daqui a 12 dias. Temos essa vantagem de poder aprender com o que está acontecendo nos outros países, ver as diferentes experiências e estratégias, para conseguirmos adotar medidas que não nos façam chegar a uma situação caótica”, descreve Chebabo sobre como o País pode se preparar para os próximos dias de epidemia.

Para entender quais serão os próximos passos do vírus no Brasil, ele utiliza exemplos dos Estados Unidos e da Austrália. “Esses modelos foram escolhidos porque os Estados Unidos têm uma densidade demográfica muito grande e uma média de idade parecida com a do Brasil e o da Austrália porque é um país do hemisfério Sul, que nesse momento está no verão, como a gente.”

O infectologista também explica que existem diferentes fases de contenção para o coronavírus. A fase um, que o Brasil se encontra atualmente, visa a recomendação do trabalho feito por home office, reuniões virtuais, evitar aglomerações, se preservar de forma mais reservada e avaliar a possibilidade de cancelamento ou adiamento de grandes eventos em locais fechados.

A fase dois se classifica pelo fechamento das universidades e escolas, portanto, adiantando as férias, interrompendo eventos como jogos de futebol e cultos religiosos, além do fechamento de bares, baladas e restaurantes.

Já a fase três, que é a que se encontra a Itália atualmente, tem como objetivo de, com ajuda de forças militares, fechar cidades, bairros, países e meios de transporte para que as pessoas não possam se deslocar e fiquem dentro de suas residências até que a situação volte a se normalizar.

É importante ressaltar que pacientes sintomáticos respiratórios que testem positivo devem ficar em quarentena por 14 dias, enquanto para os casos assintomáticos essa recomendação é de 7 dias. “A gente espera que com as medidas de fase um e dois seja possível conter essa epidemia e evoluir de forma adequada. Tudo isso vai ser realizado de acordo com as situações especiais”, conclui.

Confira o vídeo completo da sessão neste link.