O QUE DIZ A MIDIA

08/12/2020 - SP iniciará imunização em 25 de janeiro

Idosos, profissionais de saúde, indígenas e quilombolas estão no primeiro grupo.O governador João Doria (PSDB) anunciou ontem que a vacinação contra a covid-19 terá início em 25 de janeiro no Estado de São Paulo.

Com a imunização de idosos, profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, a vacina utilizada na campanha paulista será a Coronavac, desenvolvida pela biotech chinesa Sinovac e produzida pelo Instituto Butantã.

A aplicação, porém, está condicionada à apresentação dos resultados de eficácia da vacina, o que ainda não ocorreu, e ao posterior registro do produto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Butantã promete divulgar os dados de eficácia até 15 de dezembro e entrar de imediato com pedido de registro.

Os critérios de priorização se assemelham aos anunciados na semana passada pelo Ministério da Saúde , mas, no caso da campanha federal, a previsão de início é para o mês de março e a vacina utilizada deve ser a da Universidade de Oxford/AstraZeneca, que teve falhas em seus estudos clínicos e pode ter a aprovação adiada.

Entre os grupos priorizados no Estado, os primeiros imunizados, a partir de 25 de janeiro, serão os profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, em um total de 1,5 milhão de pessoas.
Serão duas doses por pessoa, com intervalo de 21 dias.

A partir do dia 8 de fevereiro, serão imunizados os idosos com 75 anos ou mais. Na semana seguinte, a partir do dia 15 de fevereiro, será a vez dos idosos entre 70 a 74 anos. A partir de 22 de fevereiro, receberá a imunização a faixa etária de 65 a 69 anos. Por fim, no dia 1.º março, começarão a ser vacinados os indivíduos de 60 a 64 anos. No grupo de idosos, serão 7,5 milhões de imunizados. Doria não informou como será a vacinação dos demais grupos.

O governo disse que não será necessário comprovar residência no Estado para tomar a vacina, mas não explicou o que planeja fazer caso São Paulo receba um grande volume de pessoas de outras localidades. “Se precisar, compraremos mais doses”, disse Doria. O Butantã tenta, há meses, firmar acordo com o Ministério da Saúde para que a vacina seja incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aplicada em todos os Estados, mas a resistência do presidente Jair Bolsonaro.

Assintomáticos. O secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, explicou também que pessoas que já tiveram covid19 e façam parte dos grupos prioritários também serão vacinados.
“Todos receberão a vacina, até porque muitos tiveram casos leves, assintomáticos.”

De acordo com o governo, além dos 5,6 mil postos de vacinação existentes no Estado, poderão ser usados para imunização escolas, quartéis da PM, terminais de ônibus, estações de trem, farmácias e postos drivethru, o que elevaria para 10 mil os pontos de vacinação.

Integrante do Centro de Contingência contra o Coronavírus do Estado de São Paulo, João Gabbardo disse que as clínicas privadas de vacinação poderão participar da campanha, contanto que sigam as regras do Estado e apliquem o produto de forma gratuita. “Não será para fazer atendimentos aos seus clientes, será para uso na população em geral. Não existe a possibilidade de utilização dessa vacina, neste momento, de forma particular, até porque, se entrarmos com o pedido de uso emergencial, esse é um dos critérios, que se usa em programa público de vacinação.”

O acordo entre o Butantã e a Sinovac prevê o recebimento, ainda neste ano, de 6 milhões de doses prontas do imunizante e matéria-prima para a produção local de outras 40 milhões de doses. Em 2021, serão importados insumos para a fabricação de mais 14 milhões, totalizando 60 milhões de unidades, o suficiente para imunizar 30 milhões de pessoas. A previsão do governo é que, a partir de 2022, a vacina seja integralmente produzida no Butantã, após concluído o processo de transferência de tecnologia entre Sinovac e o instituto.

Repercussão. Pesquisadora do Instituto de Biociências da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak lembrou que os dados de eficácia da vacina ainda não foram apresentados e isso pode afetar o trâmite esperado. “Não se pode assumir que vai ter uma data para começar a vacinar antes de submeter os resultados para apreciação da Anvisa. A agência ainda não recebeu os resultados da fase 3. Na prática, não conhecemos os dados da eficácia”, disse.

Sobre os públicos definidos como prioritários, a pesquisadora disse que a previsão está bem delineada. “Levaram em consideração, corretamente, quem está mais exposto e quem tem maior risco de desenvolver doença ou morte. E as vacinas são testadas para isso, para prevenir doença e morte”, disse, ponderando que seria interessante os próximos grupos prioritários envolverem professores – com o objetivo de manter as escolas abertas em segurança.

Fonte: O Estado de S.Paulo