O QUE DIZ A MIDIA
25/02/2021 - SP pode ficar sem leitos de UTI em três semanas
Sob risco de esgotamento de leitos de UTI em três semanas, o governo de São Paulo anunciou ontem medidas mais restritivas para conter o avanço da covid-19.
A principal determinação é o que a gestão João Doria (PSDB) chama de “toque de restrição”, que prevê a limitação da circulação de pessoas entre as 23 e as 5 horas em todos os municípios paulistas, de amanhã até 14 de março.
A medida foi adiantada pelo Estadão e terá como foco a autuação de pessoas que promovam aglomerações, em especial as maiores, acima de cem pessoas. Não há previsão de multa para cidadãos que andarem nas ruas individualmente, como no trajeto entre casa e trabalho. E a determinação não atinge estabelecimentos tidos como essenciais, que continuarão dentro das regras do Plano São Paulo.
“Fundamentalmente, é para evitar aglomerações. Quando as pessoas bebem e perdem o controle, multiplicam a contaminação”, destacou Doria.
Internações.
A média diária de novas internações em UTI por covid-19 é de 1.678 na atual semana epidemiológica, um aumento de 15,1% em menos de duas semanas. Ontem, o Estado teve, pelo terceiro dia seguido, o maior registro de hospitalizados desde o início da pandemia, chegando a 6.657.
Coordenador do Centro de Contingência Contra a Covid19, Paulo Menezes declarou que há “uma visão bastante preocupante” e, se essa tendência se mantiver, pode haver esgotamento de leitos de UTI em três semanas. Secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn disse que a situação atual merece “atenção redobrada”.
“Precisamos de maior rigor e intensidade nas medidas sanitárias.” A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 69% no Estado. Ao todo, São Paulo já relatou 2.002.640 casos e 58.528 óbitos confirmados por covid-19.
Especialistas ouvidos pelo Estadão consideraram branda e confusa a nova medida. O médico Marcio Bittencourt, pesquisador da USP, acha “difícil avaliar o impacto”, pois todo o comércio já fecha às 22 horas. “O contato entre pessoas acontece durante o dia e as medidas são para horas em que elas não estão circulando.” Para o infectologista Gerson Salvador, é preciso medidas rígidas como as de Israel e Reino Unido. “As medidas daqui, mesmo a fase vermelha, são muito brandas.”
Fonte: O Estado de S.Paulo