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23/11/2021 - Tabagismo, idade e gênero influem em defesas pós-vacina
Diversas pesquisas já mostraram queda na proteção induzida pela vacina contra a Covid-19 pelo menos seis meses após a segunda dose.
Mas um novo estudo realizado no Japão identificou três fatores relacionados a uma maior diminuição da imunidade em pessoas que completaram o esquema vacinal com o imunizante da Pfizer: idade, gênero e tabagismo.
O estudo foi realizado no hospital da cidade de Tochigi, com 365 profissionais de saúde vacinados, e está publicado na plataforma de preprints MedRxiv. A diminuição da proteção relacionada à idade já é bastante conhecida. É a chamada imunossenescência, ou seja, o envelhecimento do sistema imune.
Os adultos mais velhos tinham níveis de títulos de anticorpos significativamente mais baixos, com quase metade desses níveis observados em pessoas na casa dos 20 anos. — O sistema imunológico da pessoa mais velha não funciona da mesma forma. De cara já produz menos anticorpos, e quanto menos anticorpos, maior a queda — afirma o geneticista Salmo Raskin, presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Os pesquisadores ajustaram os dados porque variáveis externas, como hipertensão, podem ter influenciado os resultados relacionados à idade. Após uma reanálise, apenas o tabagismo foi significativamente correlacionado com títulos de anticorpos mais baixos.
Segundo o estudo, aqueles que sempre fumaram tem títulos de anticorpos menores do que os que nunca fumaram. O trabalho identifica os fatores que podem estar relacionados à queda, mas não chega a explicar as causas por trás deles. Uma das possibilidades levantadas por Raskin se refere a um estudo divulgado há cerca de um mês que mostra como o fumo pode alterar a produção de interferon, que é um mecanismo de defesa do organismo, nas pessoas contaminadas pelos SARS-CoV-2:
— Se tem comprovação que pode diminuir a defesa do organismo na infecção natural, podemos entender que ele possa não responder tão bem também às vacinas. E se está comprovado que uma das defesas, os níveis de interferon, são diminuídos, poderíamos extrapolar e pensar que ocorre o mesmo na produção de anticorpos.
É uma hipótese. De acordo com o estudo japonês, as mulheres experimentaram uma taxa de declínio 6,5% mais rápida do que os homens. O achado vai de encontro a outros estudos. Um artigo publicado na revista New England Journal of Medicine, em outubro, com 3.808 pessoas, mostra o oposto: que títulos de anticorpos caem mais rápido em homens do que em mulheres.
A conclusão também surpreendeu Salmo Raskin: — É surpreende porque morreu menos mulher na pandemia, elas tiveram quadros menos graves, o que sempre nos levou a pensar que as defesas da mulher seriam melhores que as dos homens. É algo que precisa ser mais bem estudado— afirma.
Fonte: O Globo