O QUE DIZ A MÍDIA
06/12/2021 - Terceira etapa de imunização atingiu só um terço dos idosos
Dois meses após o Ministério da Saúde anunciar que todos os idosos a partir de 60 anos poderiam tomara dose de reforço da vacina contra a Covid-19, só 34,2% deles receberam o imunizante na nova etapa.
Segundo dados do vacino- metro, apenas 10.403.093 idosos tomaram o reforço até ontem, em um total de 30.357.524 que compõem a população estimada da faixa etária. Nesse cenário, especialistas ressaltam o risco aumentado de internações e mortes diante da flexibilização de medidas restritivas e da chegada da Omicron.
A nova cepa pode representar um desafio para a pandemia, mas ainda faltam estudos para verificar se há maior taxa de transmissão e escape vacinal. Dessa forma, o reforço atuaria como uma barreira para o seu avanço pelo país.
— Esse dado é muito preocupante porque a idade influenciaria na efetividade das vacinas. Então, ter uma dose de reforço é fundamental para garantir, para esse público que já tem maior risco para hospitalização e óbito, proteção contra desfechos mais graves — avalia o professor e medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda.
Entre os gargalos para alavancar a cobertura entre idosos, especialistas avaliam que faltam campanhas de comunicação e de conscientização. Para o pesquisador, uma cobertura de 95% seria satisfatória para essa faixa:
— Como esse público é de maior risco e foi o primeiro a receber vacina no início de 2021, é fundamental que estejam completamente vacinados e com a dose de reforço para que a gente não tenha impacto da chegada da Ômicron —acrescenta.
Em novembro, a Saúde reduziu de seis para cinco meses o intervalo para o reforço e realizou campanha de megavacinação. Motivada pelos 21 milhões de faltosos da segunda dose e pela baixa procura pelo reforço para idosos, a iniciativa realizada de 20 a 26 de novembro viu a baixa cobertura se manter.
São Paulo diminuiu em mais um mês o intervalo na última quinta-feira, o que vai na contramão da pasta — que não estuda medida semelhante até o momento.
Para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri, o desafio é manter o interesse pela vacinação alto com o passar do tempo:
—Criar “pool" de suscetíveis (quantidade de pessoas vulneráveis) aumenta o risco de novas ondas —afirma.
Embora a pasta tenha determinado a redução do intervalo do reforço para toda a população adulta, estados e municípios continuam com autonomia para definir seus próprios cronogramas de vacinação.
Procurado pelo GLOBO, o ministério informou que já enviou todas as doses necessárias para o reforço da população apta a recebê-la. Contudo, a pasta não respondeu, até o fechamento da edição, a população estimada por mês de idosos que podem tomar essa dose e nem quais medidas estuda adotar para reverter a baixa cobertura.
Fonte: O Globo