O QUE DIZ A MÍDIA

03/09/2021 - Variante delta representa quase 70 das amostras na cidade de São Paulo

A variante delta do coronavírus já é predominante na cidade de São Paulo, onde foi encontrada em 69,7% das amostras sequenciadas do vírus, tirando da liderança a variante gama (P.1), encontrada em apenas 28,4%.

O levantamento feito pelo Instituto Butantan junto à prefeitura identificou 395 novos casos da delta (B.1.617.2, incluindo sublinhagens, como a AY.4) na última semana.

Com os novos registros, o município chega a 800 casos da delta desde que ela foi detectada pela primeira vez, em julho.

A Rede de Alerta de Variantes, do Butantan, sequencia cerca de 1.500 amostras do vírus semanalmente. Os novos dados se referem à 33ª semana epidemiológica (de 15 a 21 de agosto).

Na semana epidemiológica anterior, a delta representava 43,5% das amostras sequenciadas na capital, e a gama, 53,58%.

Apesar do aumento na frequência, o impacto na rede de saúde pública ainda não foi observado, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Em nota enviada à reportagem, a secretaria afirma que “o número de casos não apresentou curva de crescimento significativa e, por isso, não oferece risco de impacto sobre a rede de saúde pública da capital”.

“Diante do novo cenário de predominância da delta na capital e com a população adulta elegível vacinada, o município realizará testagem de comunicantes de casos positivos de Covid-19 detectados nas UBSs para análise do perfil de transmissão do vírus”, escrevem.

Na última terça (31), o estado de São Paulo registrou ainda a primeira morte de Covid ocasionada por uma infecção da delta. A vítima foi uma mulher de 74 anos que morava em Piracicaba.

Em todo o estado, desde o dia 3 de janeiro até a data do último boletim divulgado (14 de agosto), foram sequenciadas cerca de 20 mil amostras, representando quase 2% do total de testes positivos. As amostras são coletadas pelas DRSs (Departamentos Regionais de Saúde) e enviadas para o instituto.

No dia 25 de agosto, a Rede de Alerta de Variantes do Butantan e a Secretaria de Estado de Saúde de SP passaram a adotar o novo critério de classificação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para análise e confirmação de casos da variante.
Com isso, as sublinhagens de VOCs (variante de preocupação, em inglês) ou VOIs (variantes de interesse) detectadas devem ser notificadas às autoridades de saúde e as amostras depositadas na plataforma Gisaid.

A inserção dos dados na plataforma é fundamental para auxiliar políticas de saúde pública e porque assim outros órgãos podem ter acesso aos dados e fazer inferência sobre risco de transmissão. É a partir das amostras do Gisaid que a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS nas Américas, faz a estimativa de prevalência das variantes e toma decisões sobre classificação de novas VOIs ou VOCs.

O Butantan tem no momento cerca de 5.000 das 20 mil amostras sequenciadas depositadas no Gisaid, e representa hoje quase um terço de todo o esforço de sequenciamento no país. O instituto afirmou, em nota, que vai fazer o registro na plataforma de todas as sequências de acordo com a resolução SS28 do Instituto Adolfo Lutz, junto à Secretaria Estadual de Saúde.

A variante delta do coronavírus surgiu em outubro de 2020, na Índia, mas foi detectada pela primeira vez em abril deste ano. Desde então, a sua frequência passou de 4% para mais de 90% no país indiano e rapidamente se espalhou pelo mundo, chegando a 170 países e territórios, segundo o último boletim epidemiológico da OMS.

O seu avanço pelo mundo também tem colocado um alerta nas autoridades de saúde e governantes, que veem o aumento de casos, hospitalizações e óbitos mesmo em locais com taxa de vacinação elevada, indicando a necessidade de manter as medidas protetoras por mais tempo.

Pesquisadores também já afirmam que alcançar a chamada imunidade de rebanho com esta cepa é inviável, e que a melhor ferramenta disponível para reduzir novos casos e internações é a vacinação.

No entanto, diversos estudos já apontam para uma leve redução da capacidade protetora das vacinas —de todos os fabricantes— com apenas uma dose frente a esta cepa, mais transmissível e com possibilidade de driblar parcialmente os anticorpos. Completar o esquema vacinal com duas doses é fundamental para conseguir alcançar a eficácia oferecida pelos imunizantes, dizem especialistas.

Além da vacinação, as recomendações de medidas protetoras continuam as mesmas: preferir espaços abertos e ventilados, usar máscaras de boa qualidade, manter distanciamento e sempre higienizar as mãos.

“O número de casos não apresentou curva de crescimento significativa e, por isso, não oferece risco de impacto sobre a rede de saúde pública da capital nota da Secretaria Municipal de Saúde. 

Fonte: Folha de S.Paulo