O QUE DIZ A MIDIA

08/03/2021 - Variantes são consequência, e não causa de espalhamento

Pesquisador afirma que fenômeno já era esperado, devido à falta de implementação de políticas como distanciamento social Novas variantes do coronavírus causam apreensão pela possibilidade de que sejam mais transmissíveis ou reduzam a eficácia das vacinas.

Conhecidas por siglas ininteligíveis para não especialistas — como PI (brasileira) ou B.l.1.7 (britânica) —, elas são apontadas como culpadas pela explosão recente de casos. Mas cientistas explicam que essas variantes são consequência, e não a causa principal do espalhamento do Sars-CoV-2. Sozinhas, diz o epidemiologista da UFRJ Roberto Medronho, não teriam feito tamanho estrago.

O virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica, que sequência e analisa o genoma do coronavírus em todo o Brasil, avalia que as novas variantes são fruto da falta de uma política nacional de distanciamento social, que permitiu que o coronavírus se espalhasse descontroladamente.

É um ciclo vicioso: quanto mais o vírus se propaga, maior a chance de sofrer mutações que originem variantes mais eficientes na transmissão, re- alimentando a pandemia.

—Variantes eram esperadas e precisam ser monitoradas. Elas alavancam a pandemia, mas não conseguem se disseminar com uso de máscara, vacina e distanciamento —diz.

Análises preliminares sugerem que a chamada variante brasileira, a Pl, surgida na Amazônia, já é predominante e responde por até 70% das amostras. Estudos sugerem que ela é mais transmissível e, talvez, mais agressiva.

— Estamos sob uma tempestade perfeita gerada por decisões erradas no passado, medidas insuficientes agora e variantes mais transmissíveis —alerta Spilki.

Fonte: O Globo