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Depois de mais de um ano de pandemia, vacinas e variantes trouxeram novas preocupações e, ao mesmo tempo, uma incógnita aos cientistas e profissionais da Saúde. Para esclarecer as principais dúvidas e a situação atual no Brasil, o Webinar da Associação Paulista de Medicina da última quarta (7) - “SARS-COV-2 - Variantes e Vacinas” - teve participação de Jorge Elias Kalil Filho, professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP.

José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, fez a introdução e a apresentação dos convidados: Paulo Manuel Pêgo Fernandes, diretor Científico da Associação, e Álvaro Nagib Atallah, diretor de Economia Médica e Saúde Baseada em Evidências, mediadores do evento. “O tema abordado neste webinar certamente é o assunto do momento, todos nós temos inúmeras dúvidas sobre isso e não podíamos estar melhor acompanhados para discuti-lo”, introduziu Amaral.

“O assunto está realmente chamando a atenção de todos, pelas informações e desinformações, pois acaba gerando um jogo político associado a um problema tão complexo quanto essa doença”, comentou Pêgo.

Ao iniciar sua apresentação, o imunologista explicou sobre as vacinas contra a Covid-19, situação atual no Brasil, ocupação de leitos, casos e óbitos pela doença por semana epidemiológica. “Duas das principais razões para o aumento de casos são claras, as aglomerações desde o Natal, Ano Novo, férias e Carnaval, e a falta de cuidado, porque nós nos acostumamos com tudo e a população não tomou os devidos cuidados. Mas, sem dúvida alguma, o pico vertiginoso também é devido à variante P-1, que saiu de Manaus e foi tomando conta de outros estados”, destacou.

Mutações e situação atual

O especialista falou a sobre as mutações e os métodos usados na fabricação de diferentes vacinas, como o uso de vírus inativado. Também sobre a spike, proteína usada pelo coronavírus para entrar nas células, e que entender seu funcionamento se tornou essencial para a fabricação de testes diagnósticos confiáveis e tratamentos mais eficazes.

“Diferente de uma bactéria, um vírus só consegue se multiplicar dentro de uma célula, ele precisa penetrar uma célula e isso só acontece com uma mutação. Os chineses têm contato com os mais diferentes tipos de vírus, e algum deles fez uma mutação que se ligou a uma proteína humana e penetrou nas células”, relembra sobre o surgimento da doença.

“No Brasil, hoje temos a CoronaVac, produzida através de vírus inativado, com eficácia de 50% e ainda poucos dados sobre sua proteção contra as variantes; e a vacina de Oxford, que utiliza um adenovírus de chimpanzé, no qual é colocada a informação genética da Spike dentro do vírus. A eficácia da vacina chegou a índices variáveis, sendo no Brasil de 68% e com uma defesa razoável contra a variante inglesa”, completa.

Métodos e eficácia de outras vacinas criadas e testadas ao redor do mundo - como as da Johnson & Johnson, Sputnik V, Pfizer, Novavax e Covaxin - também foram explicadas pelo palestrante. Kalil ainda trouxe características e questões de reflexão sobre a vacina que está sendo desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Decaimento de anticorpos e neutralização viral também foram destaques da palestra. “A Imunologia é um mundo em que se estudam as variantes e demais achados, realmente fascinante e imenso, não só de mutações, mas também de conhecimento. Isso é impactante para a produção e pensamentos dos avanços nesta área”, comentou Pêgo.

Quando questionado por Amaral sobre qual seria uma meta ousada e eficaz para a vacinação, Kalil relembrou da eficácia das campanhas contra a Influenza, nas quais mais de um milhão de pessoas eram vacinadas por dia. Com a mobilização que temos hoje, acredita que é possível realizar de duas a três milhões de vacinações por dia, sem aglomeração, só precisamos da vacina.

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