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12/11/2021 - Webinar APM/AMB debate aspectos clínicos e diagnóstico da chikungunya
Em transmissão pelo YouTube, na noite da última quarta-feira, 10 de novembro, a Associação Paulista de Medicina (APM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) promoveram mais uma edição do webinar APM/AMB. O evento teve como tema “Aspectos Clínicos da Chikungunya e Diagnóstico Laboratorial” e foi apresentado por José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, e César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, com moderação de Antonio Alci Barone, professor Titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC/FMUSP.
“Esses eventos foram idealizados no início da pandemia e têm o objetivo de agregar aos colegas, independente do lugar em que estejam, para que possam discutir temas da maior relevância para a Medicina, trazendo especialistas renomados, com vasta experiência nos assuntos escolhidos”, iniciou o presidente da APM.
“Certamente, o tema já ocupou o lugar central nas nossas preocupações alguns anos atrás, e não foi muito falado nos últimos dois anos, devido à pandemia de Covid-19. O webinar será uma oportunidade de retomar esse assunto e mostrar sua importância na atualidade”, ressaltou Fernandes.
Aspectos clínicos
O primeiro palestrante foi Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, infectologista, professor de Medicina da USJT e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia. “A chikungunya é uma doença viral, transmitida habitualmente pelo mosquito aedes aegypti, descrita em 1952, na Tanzânia e, hoje, é uma doença globalizada. A notícia boa é que traz comprometimento único, leva imunidade pro resto da vida, então a pessoa só pode ser acometida uma vez.”
De acordo com estudos, é possível observar que hoje toda a região tropical e áreas temperadas têm o comprometimento pela Chikungunya. “No Brasil, em 2014, a doença estava mais localizada na região Norte e em parte do litoral do Nordeste. Atualmente, nosso continente sul-americano e o Brasil todo têm a presença, por ser de rápida disseminação", ressaltou Araújo.
O especialista também explica que a apresentação clínica da Covid-19 é muito parecida com a de arboviroses, em que o paciente pode apresentar astenia, dores e febre. Nas áreas que são endêmicas e epidêmicas para arboviroses e coronavírus, é necessário fazer a pesquisa dos agentes, principalmente neste momento. “Comparando dados das semanas epidemiológicas no País, em 2021, percebe-se um pico, impacto e epidemia da chikungunya no estado de São Paulo, sobretudo na região litorânea.”
“O quadro clínico da doença se caracteriza essencialmente por ser exantemática, podendo apresentar febre aguda, cefaléia, adinamia e muita dor. A dor é caracterizada por ser de artralgia múltipla, aos mínimos movimentos. Coisas muito simples e corriqueiras se tornam praticamente impossíveis de serem realizadas”, completou.
O professor da USJT também ressaltou que o quadro clínico da doença é dividido em três fases: aguda, pós-aguda e crônica. “O diagnóstico clínico é relativamente simples, por outro lado, precisamos diferenciar das demais arboviroses, que muitas vezes estão ocorrendo simultaneamente. Com um diagnóstico laboratorial efetivo e rápido, é possível realizar o manuseio para cada fase clínica. Vale ressaltar que é uma doença negligenciada, não temos antiviral e a terapia das formas avançadas é absolutamente empírica. É uma doença extremamente preocupante e incapacitante, que rapidamente está se disseminando. Podemos preveni-la com o controle do vetor e por medidas de proteção individuais bem conhecidas, uso de mangas compridas e repelente, pois infelizmente ainda não temos uma vacina como forma de prevenção”, concluiu.
Diagnóstico
José Eduardo Levi, mestre em Bioquímica e Biologia Molecular pelo Instituto de Química da USP e doutor em Microbiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, abordou em sua exposição a realização do diagnóstico laboratorial da chikungunya. “Apesar de seu baixo índice de mortalidade, é uma doença muito mais incapacitante quando comparada a outras arboviroses, e o número de pessoas suscetíveis à infecção por chikungunya no Brasil é maior do que a dengue, dado que ainda é uma doença em expansão.
O diagnóstico é baseado no teste sorológico, sendo que o período de viremia (presença de vírus no sangue) dura em torno de uma semana e começa a decair por conta das imunoglobulinas. “Quando é realizado o diagnóstico, precisamos pensar sempre nas três hipóteses: chikungunya, dengue e zika e, atualmente, também podemos incluir o coronavírus. Por enquanto, só existem testes moleculares para a doença e a sorologia é feita após sete dias do início dos sintomas, em laboratórios de referência ou privados”, salientou Levi.
Em relação à especificidade dos testes, Levi explicou que o assunto ainda gera muita preocupação, pois é praticamente impossível distinguir hoje no Brasil com determinados testes se o resultado é positivo para chikungunya ou outra arbovirose, por conta da similaridade antigênica e genômica dos agentes.
Concluindo, o palestrante afirmou que o teste recomendado para diagnóstico de chikingunya até 7 dias do início dos sintomas é o RT-PCR, e após 7 dias, recomenda-se o teste IgM, e garante que são rápidos e confiáveis quando o resultado é positivo. “Minha expectativa de legado da Covid-19 é que todas as máquinas utilizadas para testes point of care no diagnóstico do coronavírus possam ter reagentes para identificar também arboviroses. Ainda não temos isso disponível, mas esse é o nosso sonho, e poderíamos realizá-lo se houvesse investimento importante em ciência e tecnologia no Brasil”, finalizou.
Debate
Após o término das apresentações, apresentadores e espectadores puderam enviar perguntas e comentários sobre o assunto abordado. Questionado sobre diferenças entre dengue, zika e chikungunya, Levi respondeu que a chikungunya é muito distante do ponto de vista antigênico das demais arboviroses. “Não há reação cruzada, o que pode acontecer no momento de infecção é uma ativação policlonal, que é o fenômeno da Covid-19. Em geral, não há nenhum problema em fazer o diagnóstico diferencial.”
“Não é possível realizar o diagnóstico diferencial apenas em bases clínicas, estamos direcionados pelos manuais oficiais a fazer diagnósticos sindrômicos, mas o que realmente precisamos é o diagnóstico etiológico e esperar um determinado prazo de janela para começar a fazer os marcadores sorológicos, o que muitas vezes é incompatível com o nível de cuidado que os pacientes precisam ter”, complementou Araújo.
O presidente da AMB ressaltou: “Como foi previsto, as apresentações foram muito bem construídas, trazendo o que há de novo e cristalizado em relação a esses conhecimentos, com grande capacidade crítica. Tivemos a oportunidade de rever tudo o que é relevante”, comentou Fernandes.
Por fim, Amaral fez o encerramento do evento elogiando os palestrantes pelas apresentações. “Foi realmente uma reunião memorável, interessante em todos os aspectos e cumpriu da melhor maneira possível o motivo que nos levou a iniciar essa série de webinars.”
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